Consumo ético

Louça “verde” feita a partir de cana-de-açúcar e bambu

Mais de metade dos portugueses assume culpa ao adquirir produtos embalados em plástico

Um grupo de cientistas desenvolveu um conjunto de louça “verde”, feito a partir de cana-de-açúcar e bambu, que não põe em causa a comodidade e funcionalidade dos mesmos e pode servir como alternativa aos copos de plástico e a outros recipientes descartáveis. Ao contrário do plástico tradicional ou dos polímeros biodegradáveis, que podem levar até 450 anos a degradarem-se, a cana de açúcar e o bambu não são tóxicos e demoram apenas 60 dias a decomporem-se.

“Para ser honesta, a primeira vez que vim aos EUA, em 2007, fiquei chocada com os recipientes de plástico de consumo único disponíveis no supermercado”, começou por referir a autora do projeto, Hongli (Julie) Zhu, da Northeastern University, em declarações ao Science Daily. Estes objetos “tornam a nossa vida mais fácil, mas acabam por ser um desperdício que não se pode decompor no ambiente”, admitiu.

Depois de ter visto mais garrafas, pratos e utensílios de plástico a serem atirados para o caixote do lixo em seminários e festas, Zhu questionou: “Podemos usar um material mais sustentável?”

Para encontrar uma alternativa aos recipientes de plástico, Zhu e os seus colegas recorreram aos bambus e à polpa de cana-de-açúcar. Juntaram as fibras dos dois materiais para formar uma rede sólida que fosse capaz de moldar recipientes, por forma a tornarem-se estáveis.

A nova louça “verde” é capaz de armazenar líquidos da mesma forma que o plástico e consegue ser mais limpa do que recipientes biodegradáveis feitos de materiais reciclados, uma vez que estes podem não estar totalmente descolorados.

“Fazer recipientes para alimentos é um desafio. É preciso mais do que ser biodegradável”, afirmou Zhu. “Por um lado, precisamos de um material que seja seguro para os alimentos; por outro, o recipiente precisa de ter uma boa resistência à humidade e estar muito limpo”.

A louça de mesa que os investigadores desenvolveram apresenta, também, uma pegada de carbono significativamente menor. O processo de fabrico emite menos 97% de CO2 do que os recipientes de plástico disponíveis e menos 65% de CO2 do que os produtos de papel e plástico biodegradável. O passo seguinte para a equipa é tornar o processo de fabrico mais eficiente em termos energéticos e baixar ainda mais o custo dos produtos, para competir com o plástico.

“É difícil proibir as pessoas de usar recipientes de consumo único, porque é barato e conveniente”. Ainda assim, “acredito que uma das boas soluções é utilizar materiais mais sustentáveis, utilizar materiais biodegradáveis, para fazer estes recipientes de consumo único”.

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