O Global Carbon Project (GCP) revelou que as emissões globais de dióxido de carbono mantiveram-se estáveis na última década. A novidade resulta de uma reavaliação das emissões históricas resultantes da mudança de uso do território. Em contrapartida, as emissões recuperaram 4,9% este ano, depois da queda de 5,4% em 2020, relata o Carbon Brief.
O projeto estima que as emissões fósseis este ano vai atingir as 36,4 mil milhões de toneladas, apenas 0,8% abaixo do valor máximo pré-pandémico de 36,7 em 2019. Os investigadores dizem que “esperavam algum tipo de recuperação em 2021”, mas que esta este valor é “maior do que o esperado”.
Já quanto à questão do uso do território, o GCP revela que cortou em quase metade a estimativa das emissões líquidas nos últimos dois anos – e em média de 25% na última década. Estas alterações vêm de uma atualização para conjuntos de dados subjacentes ao uso do território que reduzem as estimativas de expansão das terras agrícolas, particularmente nas regiões tropicais.
As emissões resultantes da alteração do uso do território no novo conjunto de dados do GCP têm vindo a diminuir em cerca de 4% ao ano na última década, em comparação com um aumento de 1,8% por ano na versão anterior. Apesar disso, os autores ressalvam que “esta tendência continua a ter de ser confirmada”.
O estudo, que ainda não foi revisto pelos pares, revela ainda que:
- A China e a Índia ultrapassaram os seus picos de emissões de 2019 em 2021. As emissões chinesas cresceram 5,5% entre 2019 e 2021, enquanto as emissões indianas cresceram 4,4%;
- O uso de carvão chinês foi um dos principais impulsionadores da recuperação global das emissões, com os setores da energia e da indústria na China a serem os principais contribuintes;
- O uso de carvão, petróleo e gás caíram todos durante a pandemia, mas as emissões de carvão e gás já ultrapassaram os seus níveis pré-pandemias, com um aumento de 2% nas emissões de gás e um aumento de 1% nas emissões de carvão entre 2019 e 2021;
- As emissões de petróleo permanecem cerca de 6% abaixo dos níveis de 2019 e esta redução persistente é uma das principais razões pelas quais as emissões de 2021 não estabeleceram um novo recorde.