Consumo Ético

“Otimismo Irrealista” desmotiva consumidores no combate à crise climática

“Otimismo Irrealista” desmotiva consumidores no combate à crise climática

O “otimismo irrealista” das empresas e das instituições sobre os seus progressos em matéria climática é um dos principais obstáculos ao desenvolvimento da ação climática e desmotiva os consumidores. A conclusão é do estudo “Social Intelligence for Climate Action”, promovido pela Dassault Systèmes, a Capgemini e a Bloom, que analisou as conversas nas redes sociais em todo o mundo sobre este tema.

Segundo explicado em comunicado, uma vez que o impacto real deste progresso é muitas vezes difícil de ser aferido, há um excesso de comunicação positiva e oportunista, por vezes contraditória com as análises dos especialistas.

“Este fenómeno, comummente designado por “greenwashing“, cria dissonâncias, gera desconfiança e desencoraja a ação. Os consumidores, especialmente os mais jovens, alcançaram um elevado nível de maturidade sobre os temas do ambiente e da ação climática e estão particularmente atentos e sensíveis a estas matérias”, explica o relatório.

Saliente-se ainda que esta onda de “otimismo irrealista” também abarca aqueles que defendem que a tecnologia é a solução mágica para resolver a crise climática não sendo necessário fazer mais nada.

O estudo conclui também que o ceticismo sobre as alterações climáticas é agora marginal (mesmo que tenha uma repercussão desproporcionada, especialmente nos EUA). O debate nas redes sociais está agora focado sobre qual será a melhor forma de lidar com o problema.

A análise identificou outros fatores desmotivadores, por ordem de importância:

  • Falta de informação fidedigna acerca das soluções: os cidadãos, que procuram informação fidedigna, são confrontados com informações contraditórias ou até mesmo com desinformação, o que provoca desconfiança e um sentimento de impotência;
  • Medo do impacto social negativo: a justiça social está no centro das conversas sobre as alterações climáticas. Num ano marcado pela inflação, o custo de vida está a tornar-se cada vez mais um tema predominante no debate. Os cidadãos estão particularmente preocupados com o facto de as populações mais vulneráveis poderem ser as primeiras vítimas;
  • Delegação de autoridade: As empresas são vistas como as entidades mais capazes de agirem eficazmente a longo prazo, muito à frente das ações individuais e das empreendidas pelos governos. Os consumidores consideram que o efeito “beija-flor” das ações individuais já não é suficiente;
  • Desespero face às alterações climáticas: as pessoas sentem-se impotentes perante o impacto das alterações climáticas. De todos os obstáculos abordados pelo estudo, este é aquele que registou um número crescente de publicações e que teve mais engagement ao longo de 2022 e em torno do qual se regista o maior número de emoções negativas.

“A opinião pública adquiriu uma grande maturidade no que diz respeito à compreensão da ação climática e à escala em que ela precisa acontecer”, explica Cyril Garcia, Head of Global Sustainability Services and Corporate Responsibility da Capgemini e Executive Board Member do Grupo.

“Este estudo mostra que as empresas estão na linha da frente, não só para ajustarem os seus modelos de negócio a uma economia mais sustentável, mas também para serem mais claras e transparentes sobre qual é o impacto das suas ações. No entanto, atualmente não estão necessariamente equipadas para responderem a estas expectativas.”

Por sua vez, o fundador e CEO da Bloom, Bruno Breton, explica que a pesquisa “revela que a jornada de desenvolvimento sustentável não está imune ao aumento da desinformação e da influência. A ausência de pontos de referência fortes leva à dúvida, à desconfiança e ao desânimo quando confrontados com os compromissos das empresas ou dos governos. É vital que as marcas construam uma nova narrativa, mais ativista”.

Metodologia sobre o estudo do consumidor

A Bloom analisou os conteúdos publicados em inglês por indivíduos e organizações nas redes sociais (Twitter, Facebook, Instagram, YouTube, TikTok) entre fevereiro e outubro de 2022. Esta análise incluiu mais de 330 milhões de intervenientes, 14 milhões de “documentos” (publicações e comentários) e 480 milhões de engagements (gostos, emojis etc.).

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