Economia circular

Plástico: Transição para uma economia circular em Portugal mais lenta do que o esperado

Plástico: Transição para uma economia circular em Portugal mais lenta do que o esperado iStock

Atingir as metas para a transição circular em matéria de plásticos está a ser mais lento do que o previsto. A conclusão é do terceiro relatório de progresso do Pacto Português para os Plásticos (PPP), apresentado esta terça-feira, dia 19 de março, que indica um atraso considerável nos objetivos da reciclagem.

“Ao definir as Metas 2025, o PPP e os seus membros foram muito ambiciosos e é assim que continuamos, no entanto, a evolução dos resultados é mais lenta do que se esperava inicialmente”, afirmou em comunicado Patrícia Carvalho, coordenadora da organização, que tem como objetivo potenciar a transição para uma economia circular em Portugal.

Com o intuito de alcançarem esta visão, os membros do pacto comprometeram-se a atingir um conjunto de cinco metas:

  1. Eliminar os plásticos de utilização única problemáticos e/ou desnecessários;
  2. Assegurar que 100% das embalagens de plástico colocadas no mercado sejam reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis;
  3. Garantir que 70% ou mais das embalagens plásticas sejam efetivamente recicladas, através do aumento da recolha e reciclagem;
  4. Incorporar, em média, 30% de plástico reciclado nas novas embalagens de plástico;
  5. Promover atividades de sensibilização e educação dirigidas aos consumidores atuais e futuros para a utilização circular dos plásticos.

Em relação à meta 1, o peso dos plásticos de utilização única no portefólio dos membros representa 2%, sendo “uma notícia positiva”, refere o relatório.

“Esta meta tem vindo a evoluir bem, mantendo uma tendência de decréscimo. Estão identificados os principais itens a intervir e os membros estão a trabalhar para encontrar soluções e alternativas para estes itens, contando com o apoio do Grupo de Trabalho Plásticos de Uso Único, criado pelo PPP”, afirmou Patrícia Carvalho.

Já relativamente à meta 2, os membros do pacto mantiveram os 57% de embalagens recicláveis em relação a 2021, “não tendo havido evolução”, avança o relatório.

No entanto, o estudo indica que estão definidos roadmaps e estratégias para aumentar a percentagem de reciclabilidade das embalagens de plástico dos seus portefólios, mas que estas mudanças “exigem algum tempo”. Por outro lado, “o facto de ainda não estarem implementados os novos fluxos de materiais para reciclar, como os Termoformados de PET e o PP (rígido), também contribuiu para a estagnação deste valor”, explica Patrícia Carvalho.

E adianta que, com a entrada em vigor das Novas Especificações Técnicas para estes materiais, “será possível melhorar este valor. Se as especificações técnicas já estivessem em vigor em 2022, o valor da reciclabilidade passaria para 73%”.

Ainda relativamente à meta 2 e no que toca à reutilização, em 2022, 6% das embalagens colocadas no mercado pelos membros do PPP, em média, eram reutilizáveis. Este valor baixou relativamente a 2021, em que o valor foi de 7%.

Neste sentido, o comunicado avança ainda que o Pacto Português para os Plásticos se encontra a trabalhar em parceria com um projeto piloto de reutilização no takeaway, na região do Porto, que pretende “criar um sistema de embalagens retornáveis que seja economicamente viável, ambientalmente sustentável e que seja conveniente para o consumidor, demonstrando claras e mensuráveis vantagens quando comparado com o uso único”.

Em relação à meta 3, registou-se uma ligeira melhoria, no entanto, o relatório concluiu que ainda está distante da meta de 70% definida, com 38% das embalagens recicladas em 2021 (último ano com dados oficiais disponíveis), e salienta “ser crucial aumentar a conscientização e o hábito de separação dos materiais por parte dos cidadãos.

“Para chegarmos a este valor é necessário que cada pessoa em Portugal recicle pelo menos 28 kg de embalagens de plástico por ano e ainda estamos com cerca de 16 kg”, revelou Patrícia Carvalho.

Relativamente à meta 4, em 2022, verificou-se a incorporação de 15%, em média, de plástico reciclado em novas embalagens. “Nesta meta regista-se um crescimento de 36% relativamente a 2021, o que é bastante positivo”, afirmou Patrícia Carvalho. De acordo com o relatório, 65% dos membros do PPP que colocam embalagens no mercado, reportaram embalagens com plástico reciclado.

Por último, em relação à meta 5, que visa sensibilizar os consumidores para esta temática, Patrícia Carvalho salienta que “vamos continuar a educar, sensibilizar e informar o cidadão, dos mais velhos aos mais novos, para uma utilização circular do plástico”.

O Pacto Português para os Plásticos integra atualmente 116 entidades, tais como diversas empresas, associações, ONGs, universidades e o Governo, que se comprometeram, desde 2020, com a visão e os objetivos desta iniciativa.

A iniciativa é liderada e coordenada pela Associação Smart Waste Portugal e está integrada na Plastics Pact Network, organizada pela Fundação Ellen MacArthur e pela WRAP.

 

 

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