A Airbus estabeleceu, em setembro, um prazo de cinco anos para desenvolver uma aeronave movida a hidrogénio comercialmente viável. A maior fabricante de aviões do mundo conta com o apoio dos governos francês, espanhol e alemão, que prometeram neutralidade em carbono até 2050 e milhares de milhões de euros em subsídios.
Existem, no entanto, muitos obstáculos para o desenvolvimento do primeiro avião movido a hidrogénio com emissões zero. O combustível, altamente inflamável, é difícil de utilizar e ser armazenado com segurança, não existem aeroportos equipados para reabastecer jatos com hidrogénio e o próprio custo é impeditivo, pelo menos se a empresa quiser evitar a emissão de gases poluentes.
O hidrogénio não foi a primeira opção da empresa. Segundo avança o Jornal de Negócios, os engenheiros da Airbus passaram anos a estudar o potencial de usar baterias para armazenar eletricidade em aviões com a Rolls-Royce, mas desistiu do projeto no início do ano. Embora as baterias façam sentido em carros e autocarros, qualquer coisa que pudesse carregar carga suficiente para um voo de longa distância seria muito pesada para uma aeronave.
De acordo com Glenn Llewellyn, o engenheiro que lidera o projeto da Airbus, “a tecnologia de baterias não está a evoluir ao ritmo necessário para atingirmos a nossa ambição”.
Neste momento, o projeto a hidrogénio é a melhor hipótese de obter um voo que não polua o planeta. “O hidrogénio é o tipo de energia mais promissora que nos permite abastecer aviões e a aviação com energia renovável”, garante Glenn Llewellyn.
De acordo com a Bloomberg, a indústria da aviação emitiu mais de mil milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera em 2019, mas este ano as emissões deverão afundar, por causa da pandemia de covid-19. Ainda assim, a queda será temporária.
Ao contrário dos combustíveis fósseis, que emitem dióxido de carbono que aquece o planeta quando são queimados, o hidrogénio produz, essencialmente, vapor de água. Atualmente, a maior parte do hidrogénio é usada na refinação de petróleo e no fabrico de produtos químicos e quase sempre é produzido a partir de gás natural ou carvão. Mas também pode ser gerado, a um custo mais elevado, com a passagem de corrente elétrica pela água. Se esse processo for movido a energia renovável, como eólica e solar, é possível usar o combustível sem produzir CO2.
É isso que a Airbus pretende fazer. A empresa estima que o hidrogénio verde tem potencial para reduzir a metade as emissões da indústria da aviação, uma perspetiva tentadora, já que as emissões deverão duplicar globalmente até 2050.