A COP27, cimeira climática das Nações Unidas, realiza-se a 7 de novembro na cidade de Sharm El Sheikh, no Egito. Mas, de acordo com a Reuters, as ‘temperaturas’ já estão a ‘aquecer’ em antecipação do evento, com a discussão sobre a compensação climática dos países ricos aos países pobres pelas perdas infligidas devido à crise climática a subir de tom.
De acordo com as Nações Unidas, 46 dos países globalmente menos desenvolvidos, que correspondem a 14% de toda a população global, produzem apenas 1% de todas as emissões globais de CO2 anuais provenientes da queima de combustíveis fósseis.
Um estudo norte-americano nota que, por exemplo, os Estados Unidos da América, China, Rússia, Índia e Brasil já ‘devem’ 6 biliões de euros em compensações.
Atualmente, os efeitos da crise climática já se fazem sentir em países ricos, assim como nos países pobres. Recentemente, por exemplo, Marrocos, Grécia e Canadá foram afetados por incêndios florestais, a seca afetou as vinhas italianas e cheias fatais atingiram a Gâmbia e a China.
“Esta tem sido a conjuntura crítica. Fomos afetados e falámos sobre isso há muito tempo. Mas agora os países ricos também estão a ser afetados”, disse o conselheiro do grupo de 55 países do Climate Vulnerable Forum, Saleemul Huq. O fórum reúne países que são desproporcionalmente afetados pelas consequências das mudanças climáticas.
A densificar o problema, está também a revelação por parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) de que os países ricos falharam na sua promessa de providenciar 100 mil milhões de dólares até 2020 para ajudar os países mais pobres a diminuir as suas emissões e prepararem-se para as alterações climáticas. A promessa feita em 2009 ficou a 16,7 mil milhões de alcançar a meta.
“Não é ambíguo. Finanças significa dinheiro. Significa colocar a mão no bolso e trazer um dólar, um euro, um iene e colocá-lo na mesa para as vítimas das alterações climáticas”, declara Saleemul Huq.
A adição da compensação financeira na discussão da COP27 tem também sido contenciosa, uma vez que a proposta de adicionar o tópico à agenda ainda não ganhou apoio transversal. A questão também não foi acrescentada às conversações pré-COP27, em junho, em Bona, na Alemanha. Nessas conversações, a discussão sobre a assistência técnica das Nações Unidas na contabilização dos prejuízos e danos também terminaram sem acordo, devido a litígios sobre a forma como esse regime deve funcionar.
O ministro do crescimento económico da Jamaica, Matthew Samuda, espera que, no âmbito da COP27, “as nações em desenvolvimento galvanizem as suas vozes coletivas para pressionarem para um tratamento adequado da perda e dos danos”.
Durante o ano passado, na COP26, foi acordado o lançamento de um diálogo de dois anos sobre as reparações climáticas, mas ficou-se aquém de criar um fundo.