Agricultura

Estudo: Dejetos humanos podem ser utilizados como fertilizante

Uma investigação liderada pela Universidade de Illinois em Urbana-Champaign revelou de que maneira os países podiam utilizar de dejetos humanos como fertilizante agrícola, promovendo um processo de economia circular.

Em comunicado, a universidade informa que o estudo caracteriza a distribuição espacial de nutrientes derivados da urina humana – azoto, fósforo e potássio – e a procura de fertilizantes agrícolas para definir as tipologias de localização da oferta e da procura, a sua prevalência em todo o mundo e as implicações para a recuperação de recursos.

“A quantidade total de azoto, fósforo e potássio permanece em grande parte constante no nosso corpo, uma vez que paramos de crescer”, disse o professor e cientista principal do estudo, Jeremy Guest. “As quantidades ingeridas através da comida e da bebida devem sair na nossa urina, fezes e suor. Sabendo disso, podemos estimar quanto destes nutrientes estão nos dejetos humanos da população se soubermos a sua dieta”, explicou.

Resultados do estudo

A investigação revelou três tipologias distintas entre a procura e a oferta: países com uma relação entre procura e oferta co-localizada; países com uma relação entre procura e oferta deslocada; e países com diversas proximidades regionais na relação entre oferta e procura.

Os Estados Unidos e a Austrália, por exemplo, estão sob a tipologia da relação entre procura e oferta deslocada. Têm uma agricultura intensiva em áreas longe das grandes cidades, pelo que o fornecimento de nutrientes derivados dos dejetos humanos está longe de onde é necessário, disse o investigador principal Jeremy Guest.

Face aos custos associados ao transporte dos nutrientes em grandes distâncias, do ponto de vista económico, o cientista considera que faria sentido trabalhar com um produto concentrado para implementar um fertilizante derivado de resíduos humanos nestes países.

O estudo refere que em países com tipologias co-localizadas da relação entre procura e oferta, como a Índia, a Nigéria e o Uganda, nos quais as populações humanas estão mais próximas áreas agrícolas, existe a possibilidade de  reutilização local. No entanto, para tal, é necessário melhorar as infraestruturas de saneamento.

Já países como o Brasil, o México, a China e a Rússia encaixam na terceira categoria. Neste caso, o estudo refere que os decisores políticos teriam de abordar o uso de nutrientes derivados dos resíduos humanos com estratégias mais regionalizadas e uma série de abordagens locais de reutilização e transporte.

Relação com o IDH

A equipa ficou surpreendida ao descobrir que as tipologias correspondiam de perto ao Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas.

“Países com maior pontuação de IDH, como os EUA, a Europa Ocidental e a Austrália tendem a cair na tipologia deslocada da relação entre a procura e oferta e nos países com menor pontuação de IDH tendem a encaixar-se na tipologia co-localizada da procura de oferta. Claro que há exceções, mas não esperávamos encontrar uma correlação tão forte”, disse o investigador Jeremy Guest.

A equipa espera de que esta investigação ajude a clarificar as características económicas, sanitárias e agrícolas salientes de países de todo o mundo para que os decisores possam priorizar o investimento, políticas e tecnologias de forma a avançar com metas para uma economia circular e a disponibilização de saneamento a todos.

O estudo realizou extensas análises numéricas e geográficas de dados dietéticos, populacionais, sanitários e agrícolas de 107 países para realizar a caracterização quantitativa à escala global.

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