A Universidade Técnica de Munique (Alemanha), através de uma análise de 56 das maiores empresas tecnológicas, descobriu que mais de metade das emissões de âmbito 3 (emissões indiretas resultantes da cadeia de valor, ou seja, todas as emissões provenientes desde a extração de matérias-primas até à utilização do produto final) destas empresas não foram autodeclaradas em 2019.
Em comunicado, a universidade revela que estas emissões não divulgadas são de aproximadamente 390 megatoneladas equivalentes de dióxido de carbono, semelhante à pegada de carbono da Austrália. Em vez das 360 megatoneladas equivalentes de dióxido de carbono reportadas por estas empresas, o estudo chegou a um total de 751 megatoneladas.
A equipa de investigação desenvolveu um método para detetar fontes de erro e calcular as emissões omitidas. Foi esse método que permitiu perceber a quantidade de emissões não declaradas. Para esta análise, os investigadores Lena Klaaßen e Christian Stoll compararam os relatórios das próprias empresas às divulgações feitas à organização sem fins lucrativos Carbon Disclosure Project (CDP).
O resultado da análise foi de que a maioria das empresas divulga emissões mais baixas nos seus próprios relatórios do que no inquérito do CDP. “Tal poderia dever-se, em parte, ao facto de o relatório do CDP se destinar principalmente aos investidores, enquanto os relatórios das empresas são dirigidos ao público em geral”, consideram os investigadores.
Além disso, o CDP deixa às empresas inquiridas escolher qual das 15 categorias do Protocolo de GEE – que vão desde viagens de negócios até eliminação de resíduos – são relevantes para elas. O estudo mostrou que esta liberdade resultou em algumas empresas ignorarem determinadas categorias ou não reportarem totalmente as emissões relacionadas.
Metade das empresas tecnológicas analisadas submeteram dados ao CDP que não correspondiam com os dados divulgados nos seus próprios relatórios. “Era especialmente comum que estes relatórios ignorassem as categorias do Protocolo de GEE que contribuem substancialmente para as emissões. Por exemplo, 43% das empresas negligenciaram as emissões da utilização de produtos vendidos e 30% negligenciaram bens e serviços comprados”, nota a universidade.
O estudo foi publicado na Nature Communications.