O Instituto Português do Mar e Atmosfera (IPMA) revelou que prevê um futuro onde as temperaturas estão mais altas e onde a precipitação é menor. A conclusão foi apresentada no âmbito da conferência “Alterações Climáticas: Como nos adaptarmos para alimentar o planeta?”, realizada pelo Centro Nacional de Competências para as Alterações Climáticas do Setor Agroflorestal (CNCACSA) na 38.ª edição da Ovibeja.
Segundo explicado em comunicado, a técnica superior do IPMA Vanda Pires informou que, atualmente, a concentração de CO2 já é a mais alta em pelo menos dois milhões de anos. Outras revelações foram que a taxa de aumento do nível médio do mar é a mais rápida em pelo menos três mil anos, a área de gelo do mar Ártico está no nível mais baixo em pelo menos mil anos e o recuo dos glaciares regista valores sem precedentes em pelo menos dois mil anos.
Quanto ao futuro, o IPMA prevê dias muito quentes, noites tropicais, em particular no Baixo Alentejo, e aumento da temperatura mínima. Prevê-se ainda uma diminuição da precipitação. O risco de desertificação na região Sul irá aumentar, com um aumento do território semiárido no Algarve e no Alentejo.
Nas duas últimas décadas, as anomalias da precipitação em relação a 1971-2000 foram de menos 87,2 milímetros em 2001-2010 e menos 82,2 milímetros em 2011-2020. A frequência e a severidade das secas em Portugal também têm aumentado e deverão continuar a aumentar.
Segundo Vanda Pires, as alterações climáticas terão efeitos diretos na agricultura (fisiologia, fenologia, morfologia), efeitos indiretos (fertilidade do solo, pragas e doenças, secas e cheias, disponibilidade de água para irrigação) e terá impactos socioeconómicos.