Descarbonização

Investigador da Universidade do Minho alerta para habitats artificiais de água doce

Investigador da Universidade do Minho alerta para habitats artificiais de água doce

O investigador da Universidade do Minho (UMinho), Ronaldo Sousa alerta que “os habitats artificiais de água doce podem tornar-se ‘armadilhas ecológicas’ devido a gestão danosa ou falta de condições para certas espécies, sobretudo em áreas do planeta em que os habitats naturais foram reduzidos”. Em comunicado, a UMinho revela que está é a conclusão de uma investigação, coordenada pelo biólogo, que foi agora publicada na revista científica Global Change Biology e que envolveu 36 autores de 22 países.

O investigador do Centro do Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da UMinho, Ronaldo Sousa, diz ainda que o estudo acerca da biodiversidade nos lagos artificiais, canais, barragens e arrozais tem sido negligenciado a nível internacional.

A investigação em que esteve envolvido recolheu uma amostra de 709 registos de habitats artificiais de todo o mundo, colonizados por 228 espécies de mexilhões de água doce, um grupo de organismos altamente ameaçado.  A maioria dos exemplos inclui canais e barragens da Europa e América do Norte, sendo que um total de 34 espécies registadas são consideradas ameaçadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza.

Ronaldo Sousa concluiu que alguns daqueles refúgios artificiais “podem ter condições com estabilidade suficiente para um grande número de espécies, incluindo invertebrados e vertebrados como peixes, anfíbios, aves e mamíferos”. No entanto, outros refúgios “podem funcionar como armadilhas ecológicas, devido a más práticas de gestão ou por não haver condições ambientais para determinadas espécies”.

Investigador da Universidade do Minho alerta para habitats artificiais de água doce

Investigador Ronaldo Sousa

Alguns exemplos específicos

“As grandes barragens são altamente prejudiciais para animais que preferem viver em zonas de corrente, levando em alguns casos ao seu desaparecimento”, frisa o biólogo. Por outro lado, os canais de rega podem ser sujeitos a atividades de manutenção ou limpeza, que requerem a retirada de sedimento ou o esvaziamento temporário da água naquelas estruturas. “Este tipo de ações pode levar à morte de grande parte dos organismos aquáticos”, frisa Ronaldo Sousa.

“Os habitats artificiais não devem ser vistos como uma panaceia para resolver os problemas de conservação da biodiversidade”, reforça o professor do Departamento de Biologia da Escola de Ciências da UMinho. Para Ronaldo Sousa é decisivo encontrar as melhores formas de gestão especialmente em áreas do planeta cujos habitats naturais foram reduzidos ou altamente perturbados.

O caso português

No caso português, um bom exemplo referido é o da mini-hídrica de Mirandela, no rio Tua, cujos trabalhos de manutenção em 2018 incluíram a monitorização das populações de bivalves e peixes; os indivíduos que ficavam em risco eram translocados para águas mais profundas.

Já um mau exemplo referido é, em 2017, uma ação de manutenção num açude em Vila Real, no rio Corgo, que deixou os animais sem água, levando à sua morte.

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