O arranque de novos projetos, quer à medida de ocupantes quer de construção especulativa, vai impulsionar a absorção de espaços de logística em Lisboa e no Porto. Paralelamente a oferta de produto novo vai induzir a subida das rendas prime, salienta o estudo realizado pela CBRE com enfoque nas tendências do mercado imobiliário para 2020. A consultora refere ainda que se verifica o interesse por parte de alguns promotores e proprietários na conversão de instalações industriais desativadas em espaços de logística e indústria ligeira.
A construção especulativa arrancou finalmente nos últimos meses de 2019, com o início de obras em dois projetos: um a Norte, da VGP Park com o desenvolvimento de um complexo logístico com 30.000 m2, e outro em Lisboa, em Famões, com a reconversão de 45.000 m2 de uma antiga fábrica.
Assim, a CBRE prevê “ainda outros projetos de construção especulativa em 2020, nomeadamente a primeira fase da Plataforma Logística Lisboa-Norte, da Merlin, com um armazém de 45.000 m2”.
O desenvolvimento de estruturas de logística à medida dos ocupantes é uma tendência que se mantém e para 2020, admite a CBRE, referindo ainda que estão já previstos alguns projetos de grande dimensão, na zona da Grande Lisboa, cuja área, no seu conjunto, deverá exceder os 100.000 m2.
Deste modo, os projetos em construção e os que estão previstos iniciar este ano, vão permitir alavancar o nível de absorção de espaços de logística, que, acredita a consultora, em Lisboa exceda uma área de 200.000 m2 em 2020, um acréscimo significativo face aos 140.000 m2 contratados em 2019.
“O mercado logístico apresenta uma situação muito idêntica à que se observa no setor de escritórios, na medida em que, em ambos os casos, a taxa de disponibilidade ronda os 5%, sendo apenas possível potenciar uma maior absorção através da promoção imobiliária de novos espaços”, salienta o estudo da CBRE.
Produto novo e de qualidade vai impulsionar renda prime
A colocação no mercado de produto novo e de qualidade vai “impulsionar uma subida no valor da renda prime”. A CBRE prevê um aumento de “7%, para 4€/m2/mês no valor da renda na zona logística do Carregado – Azambuja, equiparando assim as rendas de Alverca – Vila Franca de Xira”.
Além disso, conclui a consultora, “verifica-se o interesse por parte de diversos players – promotores, proprietários e municípios, na reabilitação de instalações industriais, localizadas próximo de grandes centros urbanos”.
Assim, promotores e proprietários, têm a possibilidade de “desenvolver um produto com capacidade construtiva garantida, em boas localizações, que permite dar resposta às necessidades da distribuição urbana (last-mile) e indústria ligeira”. Paralelamente, a CBRE admite que “têm o apoio dos municípios que veem aqui uma oportunidade de regeneração de zonas degradadas no interior da malha urbana”.
Deste modo, a consultora prevê, para 2020, o início da reabilitação de outros complexos fabris desativados.
Uma última nota para as implicações do comércio eletrónico na infraestrutura logística do nosso país, destacando a CBRE que uma ainda reduzida proporção de vendas em comércio eletrónico (5% do total de vendas em 2020) e a proximidade a Espanha, “não têm instigado a construção em Portugal de armazéns dedicados ao comércio eletrónico”. Não obstante, as empresas nacionais de comércio a retalho com uma presença mais forte no canal online têm vindo a adaptar os seus espaços de forma a acomodar a distribuição destas vendas”.
Por outro lado, as marcas de retalho internacionais, com vendas online em Portugal, ou distribuem diretamente de uma plataforma em Espanha ou utilizam operadores de distribuição instalados em Portugal, como CTT e DHL, entre outros. “Face à atual expressão do comércio eletrónico em Portugal, é mais provável que em 2020 continuemos a verificar a expansão destes operadores do que a construção de armazéns dedicados”, conclui a CBRE no seu estudo.
Principais tendências
- Construção de novos armazéns vai alavancar a absorção de espaços de logística
- Novos projetos vão impulsionar a subida das rendas
- Conversão de instalações industriais desativadas em espaços de logística e indústria ligeira