Apresentado que foi o novo RX 60-25/35, a LOGÍSTICA&TRANSPORTES HOJE esteve à conversa com Thomas A. Fischer, CSO da companhia, que nos confidenciou que vai demorar ainda algum tempo até vermos soluções completa e totalmente autónomas.
A Still apresentou o seu novo empilhador RX 60 para o segmento de peso entre as 2,5 e 3,5 toneladas. A aposta reside, cada vez mais, na tecnologia e soluções de interface entre homem e máquina. Nas palavras de Thomas A. Fischer, CSO da Still, e-mobilidade, software, serviço, assistência e conectividade marcarão o futuro neste mercado, admitindo que, “nós na Still estamos a trabalhar nesse sentido”.
Apresentaram o RX60 ao mercado. O que é que este empilhador traz de novo e o que o distingue da versão anterior?
O RX 60 é um empilhador completamente novo. Não se trata de um facelift, mas de um produto completamente novo. Mais de 80% dos componentes são completamente novos e temos 250 fornecedores distintos para este novo modelo.
A novidade aqui é a serie i3 que já tínhamos lançado para RX 20. O i3 traduz-se na 3.ª geração do RX 60. Um dos passos mais importantes é o novo interface “Easy Control” que assiste todas as funcionalidades no display e que foi introduzido com o RX 20 e que, progressivamente, iremos introduzir em todos os nossos produtos.
Isso quer dizer que, com o lançamento do RX 60, desaparecerá um modelo do mercado ou é um aumento do portfólio?
Temos um RX 60 i2 que sairá do mercado e que será substituído por este novo i3. Isto não acontecerá repentinamente, mas gradualmente. Este é o novo modelo no segmento que cobrimos com o nosso modelo anterior que é o de 2,5 a 3,5 toneladas, com 80 Volts.
Da perspetiva do vosso cliente, o que é mais importante neste tipo de modelos de empilhador: velocidade, rapidez, segurança, qualidade, capacidade de carga, economia, conectividade?
Praticamente já deu a resposta. De facto, é uma mistura de tudo o que referiu. Temos os cinco critérios que enumerámos durante a apresentação do RX 60 – “Simply Easy”, “Simply Powerful”, Simply Safe”, Simply Flexible” e “Simply Connected” -, sendo que o mais importante neste novo RX 60 é o facto de distanciar-se cada vez mais da performance de um empilhador a combustão. Este empilhador elétrico atinge uma velocidade até 21 km/h, o que era inimaginável há uns anos, e isso combinado com o poder de aceleração da máquina e a velocidade de elevação de carga dá-nos a garantia de um produto de excelente qualidade.
E que resposta é que um produto deste tipo tem de dar hoje?
O antecessor RX 60 i2 foi lançado em 2006 e, por isso, está no mercado há 13 anos, o que é bastante. O mercado mudou muito ao longo deste tempo.
O mais importante nos dias de hoje e para o futuro é que possamos integrar qualquer funcionalidade, mesmo aquelas que ainda não existem ou são necessárias nos tempos que correm. Temos de ter a capacidade de poder integrar e atualizar o software, incluir novas funções de assistência, fazendo com que o RX 60 não responda somente às necessidades de hoje, mas às necessidades do futuro.
Referiu que o modelo anterior foi lançado há 13 anos. Na sua opinião, os prazos para o lançamento de novos modelos serão encurtados? Trata-se de uma questão de hardware ou software?
É uma boa questão e de difícil resposta. Mas penso que a diferenciação far-se-á cada vez mais pelo software.
Com este RX 60 atingimos um nível de performance que muito dificilmente terá de ser alvo de uma renovação dentro de pouco tempo. Acredito mesmo que este RX 60 apresenta um nível de performance para os próximos 10 anos e a diferenciação será feita através de assistência, aplicações, software. A conectividade terá um papel fulcral.
O mercado está, cada vez mais, a substituir os modelos a combustão pelas novas soluções elétricas. Pensa que as questões relacionadas com o ambiente e a sustentabilidade estão a ser encaradas de forma tão relevante como a conectividade e a tecnologia?
A sustentabilidade é uma questão essencial e da qual não podemos fugir. A e-mobilidade é a chave e quanto mais empresas possuírem a certificação ISO 14001 mais estarão sensibilizadas para as questões das zero emissões.
E o que é que distingue os fabricantes existentes no mercado uns dos outros?
Posso responder-lhe de forma muito clara, já que fazemos inúmeros testes. Nós pedimos às nossas equipas que conduzam os empilhadores que conseguirem, de forma a podermos enumerar as diferenças e as melhorias e avanços que são necessários para apresentarmos o melhor produto ao mercado.
Uma das questões que nos distingue da concorrência é, de facto, a performance. Não existe no mercado nenhum produto com a performance do nosso RX 60. Mas para além disso, nós temos ergonomia que cada vez é mais importante. O conforto para quem passa muitas horas num empilhador é fulcral. Espaço é outro ponto importante e não tanto somente proporcionar espaço para quem calça o número 52 de sapato.
Também é nos detalhes que nos diferenciamos e não somente na conceção pura e dura da máquina. Algo que não me canso de destacar e que não é vulgar ver no mercado industrial, mas mais no setor automóvel, é o nosso display. Este tem funcionalidades de conectividade e de visibilidade de tudo o que importa para este tipo de máquina. Tudo está num só display e este interface entre o homem e máquina é, não diria uma revolução, mas um grande passo em frente.
E como vê este mercado daqui a 10 anos? Teremos o fator humano ainda a ter um papel essencial ou a tecnologia substituirá o homem?
Só na Europa teremos, globalmente, cerca de 3 milhões de máquinas. Essas máquinas funcionam e funcionarão em operações de terreno irregular, muitas deles no exterior. Existem determinadas operações, no interior, de armazém, onde as soluções autónomas poderão chegar mais rapidamente, mas na parte mais pesada, no exterior, ainda demorará algum tempo até vermos operações totalmente autónomas.
É neste campo das operações internas que a automação vai dar um passo em frente e nós na Still estamos a trabalhar nesse sentido.
Para vermos empilhadores totalmente autónomos a trabalhar no exterior, em terrenos irregulares, não diria que demorará décadas, mas de certeza que vai levar bastante tempo.
É como no setor automóvel? É uma questão de infraestruturas?
Penso que no nosso caso é um pouco mais fácil, já que não andamos em terreno aberto, junto da população. Estamos num circuito minimamente controlado e fechado o que torna os avanços ligeiramente mais fáceis e rápidos.
Nós temos um empilhador horizontal autónomo – iGo neo – para operações básicas de recolha de artigos e produtos leves, que ajuda o operador nas suas funções. Basicamente, segue o operador e coloca-se de forma a que o operador não tenha de percorrer ou fazer movimentos que, ao longo do tempo, são cansativos e até prejudiciais. E posso garantir-lhe que esta solução, por básica que possa parecer, é muito complicada, uma vez que temos de estabelecer uma ligação entre o empilhador autónomo e o operador, já que existem dezenas de operadores num armazém e o empilhador tem de saber com que operador está a trabalhar.
Ora, se para uma combinação deste tipo já é complicado, imagine-se uma solução completa e totalmente autónoma. Vai demorar tempo.
Esta entrevista foi publicada, originalmente, na edição 142 da revista LOGÍSTICA&TRANSPORTES HOJE.