Um recente estudo da BCSD, que publicamos esta edição, analisa o estado de maturidade das empresas portuguesas comprometidas com a sustentabilidade na sua Carta de Princípios (que conta já com 181 empresas signatárias) e que tem implementação concreta na chamada Jornada 2023. A conclusão geral é que a maioria das empresas ainda está em fases iniciais de transformação, o mesmo é dizer, em definição de prioridades e planos de ação. Ou seja, um nível reduzido de maturidade.
Podemos olhar para o copo meio vazio e dizer que estamos atrasados na implementação de medidas. Por outro lado, já vivemos o suficiente desta bolha de sustentabilidade para saber que se as fases do Despertar e Conhecer não estiverem bem consolidadas (e os diagnósticos têm de ser bem feitos para deles saírem planos consistentes, mensuráveis e realistas) dificilmente as fases da Construção e Consolidação correrão bem.
Por isso, e correndo o risco de ser chamada de otimista, prefiro ver o copo meio cheio e pensar que a dificuldade em saltar para o próximo nível decorre ainda de dois fatores críticos: o deficiente conhecimento e aceitação do que é preciso fazer e a falta de capacidade de investimento.
Apesar da urgência na aceleração e transformação de processos, a verdade é que o tecido empresarial português carece de mais capacitação e financiamento para a transição. No final do dia, a sustentabilidade económica pesa mais, porque a rentabilidade é limitada. É preciso pensar seriamente nisto e em como se podem ‘incentivar’ as empresas nesta transição. Não basta criar imposições, é preciso encontrar soluções para que todos possam entrar no mesmo barco e ter braços para remar. Ou seja, dizer que não fica ninguém para trás fica muito bem no discurso político, mas na realidade é um pouco mais difícil de concretizar. Mas é precisamente neste ponto que devemos estar todos mobilizados. Ou estamos todos neste caminho, ou de nada servirá ter meia dúzia de empresas a liderar processos inexequíveis para a maioria.