O Tribunal de Contas Europeu (TCE) alerta que a maioria dos automóveis de passageiros que circulam nas estradas da UE ainda emite a mesma quantidade de CO2 que há 12 anos.
Nesse sentido, o TCE declara que a União Europeia não vai alcançar as metas de redução das emissões de dióxido de carbono (CO2) para os automóveis novos de passageiros enquanto faltarem certas condições de base importantes.
De acordo com a auditoria do tribunal, as emissões reais dos automóveis convencionais (que ainda representam quase três quartos dos novos registos de automóveis) não diminuíram. “Os fabricantes concentraram-se na redução das emissões em laboratório e não na estrada”, pode ler-se.
A obrigatoriedade em 2017 da realização de um novo ciclo de ensaios laboratoriais para os novos veículos homologados que refletia melhor as condições reais de condução, após o escândalo Dieselgate, “reduziu a disparidade entre as emissões em laboratório e as emissões em condições reais de utilização”.
Na última década, as emissões dos carros a gasóleo não se alteraram e as dos carros a gasolina baixaram muito pouco (-4,6%). O progresso tecnológico conseguido na eficiência dos motores é ultrapassado pelo aumento da massa dos automóveis (cerca de +10% em média) e da potência dos motores (+25% em média).
Nos automóveis híbridos, as emissões de CO2 em condições reais “são em geral muito mais altas do que as medidas em laboratório”, declara ainda. Só os carros elétricos (que passaram de uma em cada 100 matrículas de automóveis novos em 2018 para quase uma em sete em 2022) conduziram à redução das emissões médias de CO2 que se verificou na estrada nos últimos anos.
No entanto, existem obstáculos à eletrificação como o acesso a matérias-primas para construir baterias suficientes e preocupações por a infraestrutura de carregamento de baterias de automóveis não ser adequada, dado que 70% dos carregadores da UE estão concentrados em apenas três países (Países Baixos, França e Alemanha).
Outras conclusões:
- Não há garantias suficientes quanto à exatidão das emissões de CO₂ declaradas pelos fabricantes nos certificados de conformidade dos automóveis novos no início do processo;
- As entidades homologadoras de dois dos três estados-membros visitados não efetuaram as verificações exigidas aos fabricantes e a Comissão Europeia dispõe de poucas informações sobre estas verificações;
- A Comissão não utilizou as informações relativas às emissões de CO₂ resultantes de ensaios de poluentes para avaliar o risco de os valores de CO₂ não estarem corretos. O Tribunal regista que não estava juridicamente obrigada a fazê-lo.
O TCE recomenda que a Comissão Europeia:
- aumente o nível de garantia de que as emissões de CO₂ dos veículos correspondem efetivamente aos níveis declarados pelos fabricantes nos certificados de conformidade;
- utilize melhor as ferramentas eletrónicas para recolher e verificar os dados dos automóveis;
- reoriente as metas de redução das emissões de CO₂ de modo a corrigir os principais elementos que afetam as emissões de CO₂ dos automóveis novos de passageiros.
Em 2021, os transportes representaram 23% do total das emissões de gases com efeito de estufa da UE, sendo os automóveis de passageiros responsáveis por mais de metade.