O governo francês formalizou a medida que bane os voos domésticos de curta distância, quando esse voo pode ser substituído por uma viagem de comboio com duração de menos de 2,5 horas. Apesar de França ter sido o primeiro país a adotar esta medida, os críticos apontam que o seu efeito vai ser mínimo.
As exceções são várias:
- A proibição só se aplica a cidades conectadas por um serviço de comboio direto que funcione “várias vezes por dia” e permita aos visitantes permanecer no mínimo oito horas no seu destino;
- Não se aplica a voos de conexão;
- O aeroporto Paris Roissy-Charles de Gaulle pode continuar a ter voos com outras cidades francesas.
Segundo os críticos, uma vez que maior parte do tráfego de comboios de alta velocidade passa por Paris, apenas algumas cidades (sem ser a capital) satisfazem as regras. Nomeadamente, só três rotas são cortadas, sendo que diferem entre fontes:
- Paris-Orly e Nantes;
- Paris-Orly e Lyon;
- Paris-Orly e Rennes (segundo o Le Figaro);
- Paris-Orly e Bordéus (segundo o Le Monde);
Segundo o Le Figaro e o Le Monde, na realidade, nenhuma rota aérea desaparece imediatamente, uma vez que as ligações referidas já não existem desde que a AirFrance desistiu de as realizar devido a um acordo com o governo, durante a pandemia, e a decisões próprias da empresa.
As exceções foram construídas de forma a garantir que o serviço de comboio entre as duas cidades é robusto antes de banir os voos. Mas os críticos apontam que a lei acaba por não ter efeito.
Geneviève Laferrère, da ONG France Nature Environnement, aponta, em declarações ao The New York Times, que, apesar de a medida poder ter um impacto “educacional”, “existem tantas exceções que a eficácia [da lei] desapareceu”.
Já o próprio setor aponta que não soluciona o problema. Nicolas Paulissen, diretor executivo do French Airport Union, afirma que a indústria de aviação está satisfeita com o impacto limitado da proibição, mas está preocupada com o precedente que abre para medidas mais duras.
Por sua vez, Laurent Donceel, diretor-geral interino da Airlines For Europe, grupo de lobby do setor das companhias aéreas de baixo custo, considera que os países devem-se concentrar em metas “tangíveis”, como combustível de aviação sustentável e aeronaves elétricas e movidas a hidrogénio.
A proibição vai aplicar-se durante pelo menos três anos. Depois, as autoridades francesas vão analisar o impacto antes de tomarem mais medidas.
Em 2019, os voos domésticos eram apenas responsáveis por 4% das emissões do setor de transportes francês. Uma análise do Le Monde aponta que as três rotas que vão ser cortadas totalizam cinco mil voos por ano, menos de 3% do total de voos domésticos. As autoridades francesas estimam que a medida vai reduzir as emissões em cerca de 55 mil toneladas de CO2 por ano.