Mobilidade

Híbridos plug-in emitem quase tanto como carros a gasolina, revelou análise europeia

Híbridos plug-in emitem quase tanto como carros a gasolina, revelou análise europeia iStock

A indústria automóvel europeia está a pressionar Bruxelas para que os veículos híbridos plug-in sejam considerados neutros em carbono, mas uma nova análise da Transport & Environment (T&E) mostrou que estes automóveis emitem apenas menos 19% de CO₂ por quilómetro do que os carros a gasolina ou gasóleo.

De acordo com o estudo, que analisou dados de 127 mil veículos recolhidos pela Agência Europeia do Ambiente (EEA), as emissões reais dos veículos híbridos plug-in são cinco vezes superiores aos valores oficiais obtidos nos testes de laboratório. Em média, os híbridos plug-in emitem 135 gramas de CO₂ por quilómetro, enquanto os veículos a gasolina e gasóleo emitem 166 g/km.

A análise revelou ainda que, mesmo quando conduzidos em modo elétrico, os híbridos plug-in consomem cerca de três litros de combustível por cada 100 km, emitindo 68 g de CO₂ por quilómetro, ou seja, 8,5 vezes mais do que o indicado nos testes oficiais.

Segundo a investigação, isto acontece porque os motores elétricos destes veículos não têm potência suficiente para velocidades mais elevadas ou subidas, obrigando o motor de combustão a entrar em funcionamento. Segundo a T&E, o motor está ativo em cerca de um terço da distância percorrida em modo elétrico.

Além de poluírem mais do que o declarado, os híbridos plug-in custam mais aos condutores, enfatiza a análise, avançando que o consumo adicional de combustível faz com que cada condutor gaste em média mais 500 euros por ano do que o estimado.

Os híbridos plug-in também são mais caros à compra, explica a T&E. O preço médio destes veículos na Alemanha, França e Reino Unido deverá atingir 55.700 euros em 2025, segundo dados da Bloomberg Intelligence, 15.200 euros acima do valor médio de um automóvel 100% elétrico.

Para Lucien Mathieu, diretor de mobilidade elétrica da T&E, “os híbridos plug-in são um dos maiores enganos da história automóvel. Emitem quase tanto como os carros a gasolina. Mesmo em modo elétrico, poluem oito vezes mais do que os testes oficiais indicam. A neutralidade tecnológica não pode significar ignorar a realidade de que, mesmo após uma década, os híbridos plug-in nunca cumpriram o que prometeram”.

O relatório alertou ainda que a tendência para aumentar a autonomia elétrica dos híbridos plug-in tem resultado em maior peso e consumo. Os modelos com autonomia superior a 75 km emitem mais CO₂ do que aqueles com autonomias entre 45 e 75 km, devido ao peso acrescido das baterias.

Entre as marcas analisadas, a Mercedes-Benz apresentou o maior desvio entre emissões oficiais e reais, com valores 494% superiores aos declarados. O modelo GLE-Class lidera a lista, emitindo 611% mais CO₂ do que o indicado. Outras grandes fabricantes europeias registam diferenças médias de 300% entre os testes e a condução real.

O relatório reforçou também a posição de várias organizações ambientais que pedem à União Europeia (UE) critérios mais rigorosos na classificação dos veículos híbridos, sublinhando que a verdadeira descarbonização do setor automóvel dependerá da transição total para veículos elétricos.

 

 

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