Ángeles Echevarría, Managing Director da Openvia Portugal e head of Operations da Openvia, apresenta-se ao mercado português, explicando o foco do Grupo Globalvia e como esta perspetiva a mobilidade do presente e do futuro.
Com tantos players no mercado de mobilidade, o que vos distingue?
A Openvia é a plataforma de inovação e tecnologia do Grupo Globalvia, líder mundial na gestão de concessões de infraestruturas de transporte e serviços de mobilidade. A Globalvia tem mais de 28.000 funcionários e é responsável por mais de 250 milhões de viagens por ano em 11 países.
Repensamos a mobilidade interburbana e urbana numa perspetiva sustentável e socialmente responsável, transformamos a mobilidade através da digitalização e inovação tecnológica e oferecemos soluções de mobilidade como serviço (Mobility as a Service, MaaS) através de modelos de subscrição, flexíveis e escaláveis. Somos operadores de mobilidade que prestam serviços pensados e desenhados pelos operadores para os operadores. Desenvolvemos a Openvia Mobility Platform, que permite gerir qualquer serviço de mobilidade urbana e interurbana com tecnologia aberta e escalável para a mobilidade do futuro.
Trabalham num modelo de inovação aberta. De que forma facilita o crescimento dos projetos em que trabalham?
Nascemos com a vocação de inovar de forma aberta envolvendo todos os atores do setor da mobilidade (AAPP, tech corp, startups, centros de i+d, Universidades, operadores de transporte, last mile e cidadãos). Colaboramos com entidades especializadas no desenvolvimento de software, hardware e soluções ad-hoc, tirando partido da experiência de cada um dos membros do ecossistema. Com esta estratégia conseguimos: uma maior qualidade dos projetos desenvolvidos, uma poupança de tempo e de custos nos desenvolvimentos tecnológicos e uma distribuição mais equitativa dos benefícios (e externalidades) que os projetos implicam.
Em Portugal, somos membros do consórcio criado para a elaboração do projeto Route 25 – Agenda para a Mobilidade Autónoma, Inteligente, Interoperável e Inclusiva, com financiamento do IAPMEI, este projeto constitui um acelerador de produtos e serviços.
Como olham para o presente e o futuro da mobilidade?
Detetamos as seguintes necessidades que marcam o caminho para ofertar melhores serviços aos cidadãos. Em primeiro lugar um maior foco nas necessidades do cliente, com adaptação das infraestruturas de transportes tradicionais às novas tecnologias, ligando-as ao utilizador. Por exemplo, desenvolver infraestruturas de conectividade 5G para disponibilizar ao utilizador informação em tempo real do seu interesse, que permita ao utilizador ou ao veículo tomar decisões a favor da sustentabilidade, segurança e eficiência. O projeto Neo Roads, que a Openvia está a desenvolver em Richmond nos Estados Unidos, fornece um kit completo de serviços e tecnologias aos operadores rodoviários que lhes permite digitalizar a sua infraestrutura.
Depois a colaboração entre todos os intervenientes que dispõem de uma plataforma com informação (operadores de infraestruturas, entidades públicas, empresas, fabricantes de automóveis…), estabelecendo o quadro regulamentar adequado para garantir que estes fluxos de informação permitem uma tomada de decisão mais eficiente.
Por último, estabelecer as regras de complementaridade entre os meios de transporte coletivos e os meios de transporte individuais, propondo novos modelos de serviços que promovam o transporte sustentável e multimodal, tais como modelos de subscrição do utilizador que promovam o transporte público como espinha dorsal do transporte, complementando-o com o transporte de última milha nas zonas urbanas.
Os 6 desafios centrais para a mobilidade do futuro
- Conexão com as necessidades reais das pessoas e utilizadores
- Quadro regulamentar e modelo de governação que permita o intercâmbio seguro de dados e uma cooperação adequada entre todos os agentes do setor (públicos e privados)
- Gerar modelos de negócio que distribuam valor com base no que cada um contribui de forma equitativa
- Alcançar uma transformação digital das infraestruturas sustentável e eficiente em termos de tempo e custo
- Multimodalidade nas áreas urbanas e periurbanas.
- Impulsar novos meios alternativos de mobilidade, como fazemos na Openvia com a Blue Nest, a linha de inovação da Globalvia para mobilidade aérea avançada e gestão de vertiportos.
Quais as tendências estão a ‘dar cartas’ fora de Portugal e que poderiam ser facilmente ‘importadas’?
Os modelos de subscrição de software as a service (SaaS) para operadores. Por exemplo, a nossa solução cloud native Tolling Back Office, que simplifica e unifica todos os processos ligados à gestão de portagens, a nossa Plataforma Geomic que fornece aos operadores de infraestruturas as ferramentas necessárias para gerir todas as atividades de Operação e Manutenção ao longo do ciclo de vida da infraestrutura ou Slora app, ou a nossa plataforma digital B2C que fornece serviços de pagamento e de controlo de despesas para os utilizadores de serviços de mobilidade. Destaque ainda para os modelos de subscrição e de bilhética combinada, que potenciam as sinergias entre os transportes públicos e outros modos.
Quem é Ángeles Echevarría?
Com mais de 20 anos de experiência ligada ao setor da mobilidade, o percurso profissional de Ángeles Echevarría passou do planeamento de transportes para o setor tecnológico, passando pela gestão de infraestruturas, participando em vários projetos internacionais (América e Europa), desde pequenas empresas até à Globalvia, passando pelas Big Four.
Em Portugal o percurso iniciou-se em 2017, como Diretora Técnica e de Exploração na Autoestrada Globalvia Transmontana. É desde 2020 Managing Diretor da Openvia Portugal e COO da Openvia, ajudando a impulsionar o crescimento e a operação da plataforma tecnológica do grupo Globalvia em Portugal, em Vila Real. Recorde-se que é nesta localidade que está localizado o maior centro de desenvolvimento de serviços, responsável pelas operações e pela produção a nível global da Openvia Espanha, Usa e Portugal.
Artigo em parceria com: