No congresso que «é a referência para todos os stakeholders desta área», quatro dezenas de oradores propuseram-se reflectir sobre o futuro da logística até 2020, em áreas tão distintas como as TI, as carreiras profissionais, ou o imobiliário logístico.
Se o crédito e a engenharia financeira dominaram a primeira década do século, a logística pode dominar a segunda, perspectiva António Jorge Costa. Na sessão de abertura, o presidente da Associação Portuguesa de Logística avançou com algumas das conclusões do estudo sobre logística em Portugal realizado pela APLOG, que revela que em muitas empresas presentes em Portugal, o nível de desenvolvimento da logística está ao nível europeu. Os prazos de entrega são em média inferiores aos praticados na UE, o nível de serviço melhorou e existem oportunidades para nos próximos cinco anos se verificar uma descida dos custos de stocks.
Após enaltecer o «inquestionável interesse» deste fórum, o Secretário de Estado dos Transportes, Carlos Correia da Fonseca, abordou dois temas na sua intervenção. Defendeu a necessidade de uma visão sistémica para combater as externalidades e ineficiências que hoje se verificam na logística urbana e reiterou a necessidade de reavaliar os objectivos e os pressupostos do plano Portugal Logístico, reconhecendo que a concretização de algumas plataformas não foi tão célere como o desejado, devido sobretudo à conjuntura económica.
Debater o futuro
Na mesa redonda sobre o Sistema de Transportes de Mercadorias do Futuro, procurou-se «analisar o que pode ser o futuro e não fazer futurologia», como referiu Ricardo Félix, da Logistema.
Álvaro Costa, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, deixou a mensagem de que são necessárias condições e infra-estruturas de base, mas falta também quem saiba aproveitar oportunidades e gerar procura. Exemplificou com a experiência da Rainair, e, centrando-se na realidade do norte do país, afirmou que está a surgir uma economia ligada ao turismo e à inovação. O professor criticou a criação de portagens nas SCUTS, defendendo que não se devem taxar as vias onde existe capacidade e se deve fomentar a procura e sim aquelas que estão congestionadas, tal como fazem os países do norte da Europa.
Lídia Sequeira, da Administração do Porto de Sines, identificou as grandes tendências no transporte do futuro, entre as quais elegeu a contentorização, a «caixa que mudou o mundo», ao permitir o manuseamento mecânico, e portanto mais eficiente e barato, de qualquer mercadoria. Outra tendência é a mudança de rotas, com a deslocalização do centro do mundo para o Extremo Oriente e a crescente importância de mercados emergentes, como o Brasil.
O alargamento do canal do Panamá, cuja inauguração deverá decorrer em 2014, por ocasião do centenário da abertura do canal, irá permitir fazer uma volta circular ao redor do globo e tal «oferece a Sines uma oportunidade».
Finalmente, João Dias, da MOBI.e, falou do Programa de Mobilidade Eléctrica, deixando claro que é já uma realidade e apresenta muitas vantagens, económicas e ambientais, que justificam os constrangimentos ainda existentes em termos de autonomia. A sua extensão aos veículos pesados de mercadorias é apenas uma questão de tempo, já que «todas as marcas já têm protótipos de veículos híbridos e alguns completamente eléctricos».