Em Portugal as empresas optam cada vez mais por recorrer a sistemas pooling, ou seja, à utilização partilhada de paletes por diversas empresas sob a supervisão e a propriedade do operador do pool, que gere o equipamento em regime de aluguer. Vários fatores explicam a tendência de crescimento deste negócio: a tendência de outsoursing, a presença das pools em todos os países da Europa, que facilita o seu multiuso, mas, sobretudo, a crescente competitividade destes sistemas.
“As empresas que comercializam sistemas pooling têm um parque de paletes de tal ordem elevado e amortizado que conseguem praticar preços muito competitivos”, explica Vítor Poças, Presidente da Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal. As paletes fabricadas para as pools apresentam maior durabilidade – um tempo médio de vida estimado em cerca de seis anos – e têm apoio constante em termos de manutenção / reparação, o que aumenta a sua vida útil.
Para Flávio Carvalho Guerreiro, Diretor Comercial da LPR Portugal, o crescimento do sistema de aluguer de paletes de uma forma contínua e sustentada ao longo dos últimos anos justifica-se “pelas crescentes exigências do mercado alimentar, nomeadamente no que concerne à qualidade da palete e ao cumprimento da legislação, tanto como no tratamento térmico e na utilização de protetores de madeira e tintas próprias para o mercado alimentar”. No entanto, e como alerta Vítor Poças, “a venda direta de paletes nunca vai acabar, seja porque há sempre produtos particulares que requerem paletes específicas, seja porque há destinos, como os mercados de exportação fora da União Europeia, onde conseguir o retorno das paletes é complicado”.
Crise impulsiona pools
O negócio de pool de paletes é praticado, em Portugal como na Europa, por empresas multinacionais, não existindo nenhuma pool de paletes dinamizada por fabricantes portugueses. Por regra estes trabalham como fornecedores destas multinacionais, que são “importantes clientes”, confirma o presidente da AIMMP. Quer as empresas que comercializam sistemas pooling, quer os fabricantes de paletes referem, neste dossier, planear manter ou mesmo incrementar as suas vendas, apesar da crise económica.
No caso dos sistemas polling, a crise tem mesmo impulsionado a procura, como explica Maria do Céu Carvalho, Country General Manager da CHEP Portugal. “Devido à situação económica atual, todas as empresas estão a analisar o seu modelo de negócio com a finalidade de efetuar ajustes estruturais que permitam concentrarem-se na sua atividade principal”. Esta tendência está a ser sentida não apenas nos setores que tradicionalmente utilizam as paletes de pool, como os bens de grande consumo, mas também noutros setores, que “agora, mais do que nunca, necessitam de otimizar a sua logística para poupar nos custos”.
A CHEP, que pertence ao grupo Brambles, disponibiliza serviços de pooling de paletes e contentores em 49 países. É a primeira empresa do setor com as certificações PEFC e FSC, que reconhecem a política de compras baseada na aquisição de madeira proveniente de bosques sustentáveis.
A empresa não disponibilizou dados relativos à sua operação em Portugal. Na LPR também se tem verificado uma adesão crescente por parte de “empresas que trabalham outros tipos de serviços com paletes”, segundo Flávio Guerreiro, que perspetiva que “esta tendência se irá manter”.
Em 2012, a LPR Portugal alugou cerca de 5,2 milhões de paletes e perspetiva um crescimento de 3% no volume de paletes alugadas para este ano. Este crescimento deverá relacionar-se mais com “a captação de novos clientes”, do que com o crescimento orgânico dos clientes atuais. Flávio Guerreiro confia que “apesar da constatação diária para a redução de custos”, os clientes procuram, “e não numa escala inferior, fornecedores que lhes transmitem a segurança necessária, para se focarem no seu core business”.
Crescer em tempo de crise
Outras empresas que atuam neste setor manifestam otimismo. É o caso da Interpall, que em 2012 comercializou meio milhão de paletes, num volume de negócios de 2,5 milhões de euros, e que perspetiva este ano “manter ou mesmo aumentar residualmente o volume de negócios”, de acordo com o Diretor Geral, Óscar Martins.
Também a Palser, que em 2012 fabricou mais de 2 milhões de paletes, estima crescer este ano, como afirma Mónica Fernandes, responsável pelo marketing. Esta empresa fabrica e vende paletes, comercializa seminovas e usadas e assegura o transporte, secagem artificial, aplicação de choque térmico (Norma ISPM 15), marcação do logótipo do cliente e pintura de paletes. Desde 2000 é certificada pela S.G.S. (NP EN ISO 9001:2008) e pela European Pallet Association para o fabrico da palete EUR-EPAL.
Crescimento é o que também espera a Rotom, empresa presente em Portugal desde 2008 e que o ano passado movimentou cerca de 350 mil paletes. Este ano espera chegar às 400 mil, o que permitirá aumentar o volume de negócios de perto dos 2 milhões de euros, em 2012, para 2,3 milhões de euros. O grupo Rotom, a que pertence a empresa, faturou 55 milhões de euros em 2012.
Não se pense, no entanto, que estas empresas estão imunes à crise. Na verdade, todas elas procuraram estratégias para minimizar o impacto causado pela recessão que vive o país. A diversificação de clientes tem sido uma das opções mais seguidas. A CHEP, por exemplo, aumentou a sua oferta de serviços dentro do seu principal setor de atividade, as empresas de grande consumo, e por outro, entrou em novos setores, como o farmacêutico, têxtil ou eletrodomésticos.
A Interpall tem apostado na “diversificação de mercados”, a par de uma “implementação permanente lean”. A estratégia comercial da Palser tem passado por um esforço de angariação de novos clientes, a par da “minimização de custos, renovação de contratos, realização de investimentos para melhorar a empresa a vários níveis e atenção às oportunidades do mercado”.