A DHL criou uma nova Unidade de Transportes própria, transversal a todas as suas unidades de negócios, ou seja à DHL Express Portugal, DHL Supply Chain Portugal e Divisão Global Forwarding e Freight. Esta nova Unidade de Transportes destina-se apenas a uso interno, para servir as necessidades de transporte dos clientes das várias divisões da DHL, ou trata-se de uma nova área de negócio, de venda de serviços de transporte a terceiros?
A DHL está no mercado de transportes e essa é a grande mensagem que queremos passar ao mercado. A divisão de Supply Chain deixou de limitar-se a prestar serviços de transporte aos clientes para quem gere a operação logística, passando a fazê-lo para clientes que apenas pretendem subcontratar o transporte. Neste sentido, a DHL é hoje uma empresa de transportes não apenas de paqueteria mas de todo o tipo de mercadorias. Como transportadores fazemos essencialmente grupagem em território nacional, com várias modalidades de serviço. Podemos fazer transporte de cargas completas com entrega direta no destino, mas também podemos fazer recolha nas instalações do cliente, ou do fornecedor do cliente, transportar a carga até uma das nossas plataformas de crossdocking, onde é agrupada e integrada na nossa rede, seguindo para transporte para nova plataforma de crossdocking da zona abrangente, a que se segue a distribuição capilar. Este trabalho pode ser feito ou por nós, divisão de Supply Chain, ou pela divisão Expresso.
Nesta nova área de negócio, estão a apostar em clientes de que áreas setoriais? Com quantos novos clientes já contam?
Nesta nova área de negócio de serviços de transporte, já conseguimos aproximadamente 15 novos clientes das áreas de grande consumo (vinhos, detergentes e alimentar), retalho e healthcare. Mas a estrutura da DHL pretende dar resposta a todas as necessidades do mercado. Até ao momento transportámos 30 mil toneladas de mercadorias e esperamos obter um crescimento de 20% face a 2012. Este aumento de volume transportado tem permitido compensar as quebras de volume dos nossos clientes tradicionais, que decorrem do momento económico.
Começar por oferecer serviços de transporte pode depois despoletar a procura de um serviço mais completo. Já aconteceu?
Ainda não aconteceu, mas é uma possibilidade.
Qual é a mais-valia que a DHL, enquanto empresa transportadora, oferece em relação às empresas transportadoras que já estão a atuar no mercado nacional?
A marca DHL é reconhecida pela qualidade de serviço e sustentabilidade e pela capacidade de transportar mercadorias para qualquer parte do mundo. Temos clientes de todos os tipos, desde particulares a empresas como os CTT. A esta imagem associou-se uma imagem de competitividade, que foi trazida pela maior eficiência que alcançámos na sequência do processo de reorganização da rede de distribuição que iniciámos em 2012. Hoje somos mais competitivos e o mercado já o reconheceu: desde o final do ano passado começámos a sentir os efeitos práticos das mudanças introduzidas e a ganhar quota de mercado. No mercado transportador nacional há empresas que são muito boas em cargas específicas e em operações específicas, que dedicam a sua atividade a nichos de mercado. Com o processo de reorganização que implementámos podemos hoje dizer que não existe simplesmente concorrência no mercado para uma empresa como a DHL que, graças à sua dimensão e escala, tem capacidade para dar resposta a qualquer tipo de necessidade logística.
Na atividade de transporte temos hoje uma rede distribuição que abrange todo o país e já chega até França. Em qualquer momento conseguimos colocar uma palete na nossa rede que está sempre em movimentação. Ao passarmos a ter maior volume passámos também a conseguir garantir maior frequência e conseguimos maior cobertura em termos de lead time. Entregávamos em 24 horas para qualquer ponto do país, em todas as divisões, hoje conseguimos entregar no próprio dia nalgumas zonas do país, nomeadamente no Grande Porto e Algarve.
A que se deve o processo de reorganização da rede de distribuição da DHL, ou seja, a que necessidades a nova Unidade de Transportes visou dar resposta?
A DHL resulta de uma série de fusões e compras e hoje é constituída por várias divisões que, em conjunto, conseguem satisfazer qualquer necessidade logística que o mercado possa ter. Ao longo dos anos foi-se alterando a interligação entre as várias divisões e nos últimos anos tem havido um esforço para implementar a estratégia global da empresa definida até 2015, e que se corporiza na expressão “ONE DHL”. O atual diretor geral da DHL para Portugal, Agustín Oleaga, promoveu a criação de comités que visam promover o contacto entre as diversas divisões da DHL. Existem quatro, nas áreas de comunicação e marketing, vendas, armazenagem e engenharia, e transportes, sendo este último o que está mais ativo. Estes comités são constituídos por membros das várias divisões, reúnem-se regularmente e debatem temas estratégicos e comuns às várias divisões, como é o caso da partilha da rede.
Quando em 2012 assumi as funções de Diretor de Transportes e de Excelência Operativa da DHL Supply Chain aproveitei para dinamizar este esforço. Tínhamos a nosso favor, aqui em Portugal, a nossa dimensão e o contexto económico do país, que criou um clima propício à reorganização de processos e métodos. Eu sou um indivíduo muito pragmático, objetivo e insistente, é o cunho pessoal da reorganização que implementámos.
Leia a entrevista na íntegra na edição de Maio/Junho da revista LOGÍSTICA & TRANSPORTES HOJE