No final de 2012 a STEF adquiriu em França a empresa KL Services, para reforçar a sua atuação na logística para a restauração não residencial. A área da restauração é também um objetivo em Portugal?
Em Portugal, como nos restantes países onde está presente, a STEF tem três áreas de atuação: os transportes, a logística e os sistemas de informação, enquanto área de suporte. Os transportes continuam a ter o maior peso e representam cerca de 70% das vendas da empresa em Portugal, situação similar à do resto do Grupo. No que respeita a clientes, temos uma repartição relativamente equilibrada entre os três setores de atividade onde atuamos. A restauração pesa cerca de 9% do volume operado pela empresa, a distribuição cerca de 14% e os restantes clientes vêm da indústria agroalimentar. Esperamos maior dinamismo na indústria, quer em áreas de negócio clássicas, quer em novas áreas que começámos a trabalhar nos últimos anos. Também temos assistido a um bom crescimento na área da restauração, por ser uma área mais recente e, por outro lado, por estar em curso um processo de reorganização onde podemos ter um papel importante.
Face à crise económica que também afeta o setor da restauração é de esperar um grande crescimento nesta área?
A crise está a colocar necessidades de racionalização de custos na área da restauração e está a exigir a adoção de modelos diferentes de organização das compras e logística. Um processo semelhante, ainda que com causas distintas, ao que o setor da distribuição atravessou nos últimos dez a 15 anos. No caso da restauração nem todos os atores percorreram ainda este caminho e a maioria do mercado continua a estar bastante atomizada e com processos pouco centralizados. Os operadores logísticos têm desempenhado um papel central na reorganização da cadeia logística. Foi assim nos processos de externalização de frotas e de armazéns, nos processos de centralização logística da distribuição moderna e eu julgo que também na área da restauração podem ter um papel importante na reorganização do mercado. Os benefícios de uma empresa como a nossa estão justamente na consolidação de fluxos, que traz valor às empresas. A nossa oferta inclui desde os serviços de central de compras, não em termos do procurement mas da gestão de aprovisionamentos e gestão financeira do stock, à armazenagem, prestação logística e transporte. São serviços muito importantes para o setor da restauração. Muitos pequenos atores da restauração não têm dimensão crítica suficiente para optarem por uma gestão de compras centralizada e alguns nem chegam a identificar a necessidade de gestão das suas compras neste sentido. Mas a verdade é que a partir de um grau relativamente pequeno de unidades e dispersão das mesmas já pode valer a pena fazer algum estudo sobre o tema.
Quais são as principais linhas de expansão da STEF em Portugal?
Não há grandes surpresas no nosso caminho. A estratégia do Grupo está enquadrada no plano para 2012-2016, sendo um dos principais eixos o crescimento acelerado da empresa nos mercados internacionais, fora de França. Portugal está alinhado com a estratégia do Grupo em termos gerais e, em particular, com a dinâmica dos países europeus.
O crescimento externo em Portugal permitiu uma progressão de 8% no terceiro trimestre de 2012. Como se explica esta situação num mercado que está a atravessar tantas dificuldades económicas?
O processo de expansão do Grupo STEF ao nível da Europa Ocidental de alguma forma iniciou-se com a Península Ibérica e tem sido muito aprofundado nos últimos quatro a seis anos. A aposta na Europa explica-se pela necessidade de atuação em mercados maduros, face às particularidades do setor onde atuamos. Porque é que se registam hoje crescimentos importantes fora da França? Porque são países que tiveram crescimentos muito acelerados, por vezes descompensados em termos de organização logística, e que vivem hoje processos de ajustamento macroeconómicos, mas também ao nível das empresas. Há uma tendência de concentração, com a diminuição dos atores. A STEF posiciona-se como uma empresa que está cá para investir no mercado e ser um ator importante no processo de concentração a que se assiste.
Como planeiam concretizar em Portugal a vossa estratégia de aquisições?
Mais do que planear fazer aquisições, não podemos ignorar que atualmente os mercados do Sul da Europa estão num processo de ajustamento. Tanto em termos de crescimento orgânico como de crescimento externo, a estratégia da STEF passa por investir em atividades alinhadas com o nosso core business e que possam representar um complemento aos serviços e setores onde trabalhamos. Não sairemos do nosso universo de atividades.
Há alguns projetos previstos ou em curso?
Não podemos adiantar nada no que respeita a Portugal. As oportunidades serão analisadas à medida que vão surgindo.
Em 2011 o volume de negócios do Grupo STEF foi de 2300,3 milhões de euros, o que representou um crescimento de 11,8% em relação a 2010. No caso de Portugal, quais são as previsões para 2013?
Terminámos o ano com 36 milhões de euros de faturação, o que representa 12% de crescimento em relação a 2011, e perspetivamos um crescimento acima dos 6% em 2013. O nosso crescimento será sobretudo orgânico e deriva da conquista de novos clientes e novas atividades com clientes existentes. A STEF beneficia de dois fatores: o primeiro é a sua dimensão crítica, que permite oferecer aos clientes as economias de escala que procuram na sua cadeia logística. O segundo é a sua estabilidade, que garante aos clientes o desenvolvimento das suas operações com base em fundamentos sólidos.
Leia a entrevista na íntegra na edição de Janeiro/Fevereiro da LOGÍSTICA & TRANSPORTES HOJE