Mobilidade

“Muito em breve será possível viajar no Metro do Porto usando unicamente um smartphone”

“Muito será possível viajar no Metro do Porto (…) sem dispor de um bilhete físico, usando unicamente um smartphone”
Uma maior aposta na mobilidade elétrica e a criação de condições que permitam aos munícipes da cidade do Porto deslocarem-se a pé ou de bicicleta. É assim que Pedro Mota Pereira, Responsável de Operação do Metro do Porto vê a ‘mobilidade do futuro’. No próximo dia 4 de julho poderá ouvi-lo no MOB Lab Congress.

Que iniciativas estão a desenvolver no Metro do Porto no sentido de criar melhores condições para os utentes e trazer simplicidade para a utilização dos serviços?

A preocupação com a facilidade na utilização do Metro sempre foi algo muito presente no projeto do Metro do Porto. Poderia começar por citar o facto do Metro do Porto ser um sistema aberto e sem barreiras, 100% acessível a pessoas de mobilidade reduzida, dispondo de diversos sistemas para apoio a pessoas com déficit de visão ou de audição.

Mais recentemente, o TIP [Transportes Intermodais do Porto], consórcio que gere o sistema tarifário na] AMP [Área Metropolitana do Porto, e da qual a Metro do Porto é parte integrante, esteve a desenvolver um sistema de pagamento mobile, o Anda, perspetivando-se que muito em breve seja possível viajar no Metro do Porto, bem como nos outros operadores que integram o Andante, sem dispor de um bilhete físico, usando unicamente um smartphone e uma app. Para além das vantagens inerentes à eliminação do uso do bilhete, o anda permitirá evitar a necessidade dos carregamentos de viagens e disporá de uma funcionalidade de otimização da tarifa, calculando sempre qual a combinação de títulos que permite minimizar o custo das viagens realizadas pelo cliente.

Que soluções de mobilidade procuram, hoje em dia, os utentes?

Uma resposta simples a esta questão seria o Metro do Porto. Com efeito, particularmente nos últimos dois anos, temos assistido a um crescimento muito relevante do número de utilizadores do Metro do Porto, o que significa que cada vez mais cidadãos e turistas preferem o Metro do Porto nas suas deslocações.

Numa tónica mais abrangente, destacaria os modos suaves e a mobilidade elétrica, e a combinação de ambas. É claro que a expansão da rede do Metro, a evolução da rede STCP e o serviço urbano da CP serão sempre a espinha dorsal da melhoria da mobilidade em transportes públicos na AMP e, como tal, é preciso continuar a apostar nestes projetos. Contudo, creio que, à imagem do que se verifica noutras cidades, tanto em Portugal como na Europa, a criação de condições mais adequadas às deslocações a pé e em bicicleta, seja elétrica ou não, é inultrapassável. Do ponto de vista do Metro do Porto, não olho para estas alternativas como uma ameaça, mas antes como complementares, esperando que um eventual sistema de partilha de bicicletas no Porto esteja bem ‘agarrado’ à rede de Metro.

Como vê a mobilidade no município do Porto no futuro?

Gostávamos de estar a terminar as obras de expansão do Metro, que seguramente serão uma ajuda a uma melhor mobilidade na AMP e de estar em plena carga a projetar as próximas linhas.

Até lá, pretendemos manter o crescimento de procura que temos registado nos últimos anos e reforçar a nossa aposta numa área que é hoje inultrapassável no Porto, o turismo. O cliente de turismo tem necessidades e sensibilidade bastante diferentes do cliente local e como tal temos de trabalhar especificamente este segmento.

Relativamente à mobilidade no município do Porto no futuro, numa opinião de cidadão, de alguém que usa a cidade, diria que estamos a assistir a importantes avanços, destacando o que se passou com o estacionamento na via pública, que penso ser o resultado direto da concessão de estacionamento lançada pela CMP. Como oportunidades de melhoria, alvitraria a necessidade de aumentar a velocidade comercial dos autocarros, seja através da criação de faixas BUS nos locais adequados ou da introdução de prioridade semafórica para os autocarros, e o aumento da taxa de disponibilidade de condições normais de circulação na VCI, via que asfixia a mobilidade rodoviária em toda a cidade do Porto e municípios adjacentes sempre que lá se regista uma pequena perturbação.

De que forma é que a Mobilidade pode servir de eixo promotor da qualidade de vida num município?

Diria que não pode haver qualidade de vida num município sem uma adequada mobilidade.

A capacidade de não depender de transporte próprio para satisfazer as necessidades de deslocação da população e, em simultâneo, garantir uma adequada fluidez a quem decide fazê-lo em transporte individual, parece-me ser uma excelente demonstração da relevância da mobilidade na qualidade de vida oferecida num município. A este nível julgo que ainda há algum trabalho a realizar na AMP e, claro está, também na Metro do Porto, tanto na melhoria do serviço existente como no desenvolvimento de novas linhas.

Como é que o design pode ser um catalisador da adesão dos munícipes a soluções de mobilidade e transporte mais sustentáveis?

O design parece-me influenciar de sobremaneira a sensação de pertença e o interesse da comunidade perante um novo equipamento, seja um Metro, uma praça ou uma rua, sem os quais é difícil alcançar um sucesso sustentável.

Julgo que o facto de o Metro Porto ter sido projetado pela mão de dois arquitetos como Siza Vieira e Souto Moura ou de os próprios veículos do Metro terem sido desenhados por um estilista da estirpe de Zagato, fizeram com que o produto final fosse visto como algo de muita qualidade, o que foi para a Metro do Porto uma enorme vantagem na fase inicial do projeto e ainda hoje nos permite ser uma rede de metro ligeiro de referência internacional.

Seguramente haverá exemplos por esse mundo fora que contradigam a minha afirmação, mas parece-me que quando os sistemas de transporte são bonitos e funcionais, há uma muito maior facilidade em gerar procura e respeito por quem os utiliza, que são fatores chave de sucesso.

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