A LOGÍSTICA & TRANSPORTES HOJE inicia hoje um especial dedicado à Logística de Frio. Durante os próximos dias iremos publicar entrevistas com alguns dos principais players deste segmento da logística. Começamos com a Univeg e com perguntas ao country manager da empresa, Vítor Figueiredo.
Como está a correr o ano 2016? Esta a ser um ano de crescimento de negócio, de estagnação?
O ano de 2016 tem sido muito positivo para a Univeg Não só o mercado do outsourcing da logística de frio está em expansão, mas também a Univeg está a crescer a taxas superiores às do mercado. Em nossa opinião, o crescimento é maioritariamente justificado por dois fatores: a alteração de mentalidade relativamente à especialização do negócio principalmente nas empresas do setor agroalimentar. Especialmente depois de anos muito difíceis como foram os anos do período 2011- 2013. A maioria dos empresários tomou consciência de que a logística gerida com meios próprios, além de criar muita distração em relação àquilo que é considerado core business, também requere investimento significativo e constante, especialmente quando se trata de temperatura controlada. Além disso, passou-se a vender maioritariamente em campanhas de promoção, o que origina grande volatilidade de volumes e consequentemente uma grande exigência relativamente à flexibilidade da cadeia de abastecimento. Todos estes factos levaram os empresários a aperceber-se de todas as vantagens que o outsourcing logístico lhes poderia trazer, em especial pelo fato de permitir eliminar uma parcela significativa dos custos fixos tornando-os variáveis E, por outro lado, a riqueza de ofertas por parte do mercado no que diz respeito à logística e transportes em temperatura controlada. É um setor que apesar de ter um número limitado de players é altamente eficiente, moderno, dinâmico e competitivo. Portugal tem hoje uma cadeia de abastecimento em temperatura controlada ao nível ou até melhor relativamente a mercados maiores e mais desenvolvidos dentro do contexto Europeu, o que resulta num incremento do incentivo a outsourcing.
Prevendo já 2017, o que esperam que o novo anos vos traga em termos de negócio?
Antecipamos que 2017 seja um ano semelhante a 2016 em que o mercado irá crescer naturalmente através do aumento do consumo e também de uma maior propensão para o outsourcing causado não só por tornar variáveis os custos que são normalmente fixos mas também pelas elevadas oscilações de mercado causadas por fortes campanhas promocionais. Tradicionalmente o mercado português é um mercado com um nível de outsourcing da operação logística muito abaixo da média europeia. Esta é uma realidade que está a mudar rapidamente em praticamente todos os setores, pelo que prevemos que nos próximos anos nos venhamos a aproximar da média europeia. Cada vez mais se reconhece que os operadores logísticos, pelo foco exclusivo na cadeia de abastecimento, conseguem níveis de eficiência, rapidez, fiabilidade de serviço e flexibilidade que normalmente não estão acessíveis à maioria das empresas que trabalham com meios próprios. Este fator é tão mais verdade quanto menor for a massa crítica de cada operação. Os operadores logísticos têm um papel único na cadeia de abastecimento, uma vez que conseguem cruzar diversos fluxos e atividades. Obtêm-se assim ganhos de escala que permitem uma melhor utilização dos meios aumentando a competitividade das soluções oferecidas.
O aumento do consumo de alimentos frescos e perecíveis veio alavancar novos negócios?
Sim, temos vindo a assistir a uma maior procura dos alimentos que mais são conotados com uma vida saudável. Temos também vindo a assistir a uma tendência de convenience, pelo que assemblagem de produtos diferentes (cabazes) é também um negócio com potencial.
Quais os principais desafios que o setor da logística do frio enfrenta?
Nunca a logística, em especial a de produtos perecíveis, foi uma atividade monótona e certamente não o será num futuro próximo, dadas todas as oportunidades e desafios que enfrenta.Felizmente as oportunidades são várias. Desde logo um mercado em crescente com uma maior consciencialização para a importância da logística e também das vantagens que resultam da externalização da mesma. Além do mais, a própria omnicanalidade e o facto de cada vez mais as empresas encararem o mercado de uma perspetiva verdadeiramente global. Como qualquer necessidade que nasce diretamente do mercado, a era omnicanal é uma tendência irreversível, pelo que os vários agentes, quer sejam da moderna distribuição, quer sejam operadores logísticos terão de se adaptar às novas necessidades. O principal desafio que se coloca aos novos canais é a necessidade de satisfazer cada encomenda quase de forma individual sem perder a eficiência da cadeia de abastecimento e aproveitando todas as sinergias com os canais mais tradicionais. Por outro lado, a logística inversa, que nem sempre está otimizada, terá de ser mais trabalhada, já que, pelo seu volume, assume uma importância fundamental nos novos canais de venda. No que diz respeito a desafios, o mercado dos operadores logísticos em geral e dos operadores de frio em particular tem sido altamente penalizado por um aumento significativo dos custos energéticos da sua atividade, em especial da eletricidade e diesel. O sector da logística tem sido um sector criador de empregos nos últimos anos, mas nem por isso tem sido um sector poupado no que diz respeito burocracia e impostos e taxas sobre os seus principais fatores produtivos. É urgente que o discurso quase já gasto acerca do aumento da competitividade da economia portuguesa tenha reflexos reais na economia das empresas.
Este final do ano haverá um desafio acrescido que é o de informar os nossos clientes da alteração da nossa designação social para Greenyard. Esta alteração vem no seguimento de uma fusão ocorrida entre dois negócios dos mesmos acionistas e representa a unificação de imagem dos diversos ramos de negócio do grupo. O nome Greenyard representa ainda a multiplicidade de opções standard ou customizadas que um grupo, líder no seu segmento, com implantação mundial e dimensão significativa pode oferecer aos seus clientes.
A nível internacional, como está o vosso negócio? Mais clientes, uma estratégia para a conquista de mercados internacionais?
A Univeg Logistics Portugal pertence a um grupo multinacional presente em mais de 25 países. Desta forma, a internacionalização está completamente enraizada na mentalidade de todos os colaboradores. A presença engloba praticamente todos os países europeus e permite gerir fluxos de import e export com lead times muito reduzidos devido à utilização, em grande parte das viaturas, de dois motoristas. Através da sua rede pan-europeia, a Univeg consegue não só transportar produtos alimentares perecíveis em regime de carga fracionada ou completa, mas também oferecer serviços de armazém que permitam aos seus clientes ter um stock avançado, complementado com a preparação de encomendas e entregas capilares. Este tipo de soluções, conjugadas com serviços de valor acrescentado como a pesagem, etiquetagem e co packing, permite não só aumentar a frequência de entregas, mas também diminuir os lead times no fornecimento a/de mercados estrangeiros.
Estão a especializar-se em algum tipo de serviço para os vossos clientes?
A Univeg Logistics Portugal oferece um serviço de logística e transporte muito abrangente e completo. Estamos especializados na logística e transporte de produtos alimentares perecíveis. A gestão de operações com fluxos tensos num contexto de peso variável, multi-temperatura, multi-cliente e multi-fluxo é a nossa especialidade. Em termos de temperatura, conseguimos cobrir todos os intervalos indicados para produtos alimentares, desde -25ºC a +18ºC e ambiente. Trabalhamos com produtos tão diversos como pescado fresco, bacalhau seco, frutas e verduras, charcutaria, carnes fresca, lacticínios, todos os produtos congelados, produtos secos, etc. Conhecemos muito bem os produtos que nos são confiados e temos os meios necessários para os conservar e preparar da melhor forma.
Além dos serviços normais de armazém como sejam a receção, armazenagem, preparação de encomendas [em fluxo tenso (PBL) ou a partir de stock (PBS)], e expedição realizamos ainda diversos serviços de valor acrescentado como sejam a lavagem e reembalamento de pescado fresco, pesagem e etiquetagem, tradução de etiquetas, co packing, entre outros. Em termos de transporte, possuímos uma rede de distribuição quer nacional quer internacional muito competitiva e eficaz. Toda a frota ao nosso serviço é bi-temperatura e possui controlo de localização e temperatura através de GPS, pelo que conseguimos oferecer soluções combinadas, altamente flexíveis e eficientes sempre com o máximo de segurança e rastreabilidade. Nos últimos anos temos vindo a assistir a uma maior procura de serviços completos, ou seja, em que se conjuguem serviços de transporte de longa distância, armazenagem, picking, serviços de valor acrescentado e entrega de curta distância. As empresas querem cada vez mais encurtar os tempos de trânsito e isso tem beneficiado operadores especializados em fluxos muito tenso como é o nosso caso. Cada vez mais existem clientes que necessitam de um operador multi-temperatura que conjugue ambiente, refrigerados e congelados numa mesma infraestrutura, quer seja de armazém ou transporte.