Descarbonização

Agência Internacional de Energia alerta para urgência em reduzir as emissões de metano

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As empresas de combustíveis fósseis precisam de investir dezenas de milhões de euros para reduzir as emissões de metano nas suas operações ou será “quase impossível” cumprir as metas climáticas globais, alertou um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) divulgado no passado dia 13 de março.

De acordo com o relatório “Global Methane Tracker 2024”, da estimativa de quase 120 milhões de toneladas (Mt) de emissões de metano derivadas dos combustíveis fósseis em 2023, cerca de 80 Mt são provenientes de países que estão entre os 10 maiores emissores a nível mundial. A AIE estima também que 10 Mt tem origem na bioenergia – em grande parte decorrente do uso tradicional de biomassa.

A AIE adianta também que as emissões permanecem em torno desse nível desde 2019, quando atingiram um recorde, apesar do compromisso de ação para reduzir as emissões de metano de mais de 200 países.

De acordo com os dados da AIE, em 2023, cerca de 170 bilhões de metros cúbicos de metano foram emitidos por operações de combustíveis fósseis em todo o mundo.

Neste sentido, os Estados Unidos da América (EUA) são a maior fonte de emissões de metano devido à extração de petróleo e gás, com 13,2 Mt, seguidos pela Rússia (11,2 Mt) e pelo Irão (0,6 Mt). A China é o maior emissor de metano através do setor do carvão. Em contrapartida, a Noruega e os Países Baixos são os países que apresentam as menores emissões.

Fugas em minas de carvão, assim como em poços de petróleo e gás são as maiores fontes de metano, um potente gás de efeito estufa que causou cerca de 30% dos aumentos de temperatura até ao momento, refere o relatório. No entanto, a Agência também salienta que, muitas dessas fugas poderiam ter sido evitadas se fossem implementadas melhores práticas, tal como são já desenvolvidas em alguns países, nomeadamente na Noruega.

 

A AIE calculou que seriam necessários 170 mil milhões de euros para reduzir as emissões globais de metano em 75%, dos quais 100 mil milhões seriam aplicados ao setor do petróleo e gás e 70 mil milhões à indústria do carvão. “Isto daria ao mundo uma oportunidade muito maior de limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais”, refere o relatório.

De acordo com a Agência, o investimento necessário por parte das empresas de combustíveis fósseis para fazer uma limpeza nas suas operações seria o equivalente a cerca de 5% dos lucros que obtiveram no ano passado.

O “Global Methane Tracker 2024” também salientou que as emissões reais de metano eram muito mais elevadas do que os países ou empresas estavam a apresentar. No entanto, a Agência refere que uma melhor monitorização das emissões de metano está agora disponível a partir de satélites.

“Estimamos que, se todas as políticas e promessas de metano feitas por países e empresas até o momento fossem implementadas e alcançadas na íntegra e no prazo, as emissões de metano a partir de combustíveis fósseis diminuiriam em cerca de 50% até 2030. No entanto, na maioria dos casos, essas promessas ainda não são apoiadas por planos, políticas e regulamentos detalhados. As políticas e regulamentações detalhadas de metano que existem atualmente reduziriam as emissões das operações de combustíveis fósseis em cerca de 20% em relação aos níveis de 2023, até 2030”, refere o relatório da AIE.

 

 

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