O projeto “Enfardar Naturalmente – Transição para uma agricultura ecológica”, desenvolvido pela Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino (AEPGA), pretende desenvolver uma campanha de sensibilização ambiental junto dos agricultores no processo de aquisição de material agrícola, para que substituam o fio agrícola de polipropileno pelo fio de sisal.
Em declarações à agência Lusa, o dirigente desta associação, Miguel Nóvoa, explica que o fio de polipropileno, vulgarmente designado por “baraço azul”, é de difícil reciclagem, acabando frequentemente por ser abandonado no campo, dando origem a microplásticos que contaminam o solo. Segundo o responsável, são gastos mais de 120 mil toneladas deste tipo de fio de plástico por ano na Europa.
“O fio de sisal, obtido a partir da planta ‘Agave sisalana’, que é originária do Brasil, é uma excelente alternativa, por se tratar de uma fibra 100% natural, com propriedades interessantes ao nível da resistência, textura e flexibilidade”, garante Miguel Nóvoa.
A AEPAG iniciou, recentemente, uma campanha que inclui ações de demonstração do uso do fio de sisal junto de agricultores e consumidores indiretos, pelo que está previsto o agendamento de mais sessões para 2021.
“No âmbito da campanha estão ainda previstas ações de informação alertando para a urgência da alternativa ao fio agrícola junto dos vendedores a retalho, incentivando-os a disponibilizarem o sisal aos consumidores finais e a distribuição de um ‘kit’ pedagógico pelas escolas, no âmbito da Educação Ambiental, sensibilizando os jovens para a problemática dos plásticos na agricultura”, adiantou o técnico.
A associação tem vindo a desenvolver, desde maio, vários conteúdos informativos, como um website, cartazes e autocolantes ilustrativos para a sensibilização da comunidade em geral, com foco nos agricultores. A par disso, “está também a ser criada a “Rede de Agricultores Pela Transição para uma Agricultura Ecológica”, que visa criar uma rede de contactos de agricultores que aderirem à transição total ou parcial”, frisou o responsável pelo projeto.
De acordo com Miguel Nóvoa, o projeto “Transição para uma Agricultura Ecológica” terá continuidade nos próximos anos com a sensibilização para a diminuição dos plásticos na agricultura e a promoção, junto dos agricultores, de outras boas práticas amigas do ambiente e promotoras de biodiversidade.
Este projeto pretende responder às obrigações estabelecidas por Portugal no âmbito das regulamentações da Diretiva (UE) 2019/904, relativa à redução do impacto de determinados produtos de plástico no ambiente, e vai ao encontro da Estratégia Nacional de Educação Ambiental 2020, nomeadamente no que diz respeito aos Eixos Temáticos “Tornar a Economia Circular – Conceção de Produtos e uso eficiente dos recursos”.
Com este projeto, a AEPGA está também a contribuir para a prossecução dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU), com incidência na “Produção e Consumo Sustentáveis”, uma vez que apresenta uma utilização mais eficiente dos recursos naturais.
A campanha contribuirá ainda para o Plano de Ação para a Economia Circular, visto que o projeto visa sensibilizar os consumidores de fio agrícola para uma alternativa sustentável.