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Estudo revela que as maiores árvores da Amazónia estão a crescer mais e em maior número

Estudo revela que as maiores árvores da Amazónia estão a crescer mais e em maior número iStock

As maiores árvores da Amazónia estão a tornar-se mais altas e numerosas, segundo um estudo publicado na Nature Plants, que demonstra como uma floresta intacta pode capturar dióxido de carbono da atmosfera e armazená-lo no tronco, casca, ramos e raízes.

Os cientistas afirmaram que os resultados são uma confirmação bem-vinda de que as grandes árvores são mais resilientes às alterações climáticas do que se pensava. A vegetação tropical não perturbada continua a funcionar como um reservatório natural de carbono, apesar do aumento das temperaturas e da ocorrência de secas severas.

No entanto, os autores alertaram que este papel vital está em risco devido a incêndios, fragmentação e desflorestação, impulsionada pela expansão de estradas e áreas agrícolas.

“É uma boa notícia, mas é uma boa notícia com reservas”, referiu o professor Oliver Phillips, da Universidade de Leeds e um dos autores do estudo, citado no The Guardian. E continua: “os nossos resultados aplicam-se apenas a florestas intactas e maduras, que são as que estamos a observar. Sugerem que a Amazónia é notavelmente resiliente às alterações climáticas. O meu receio é que isso valha de pouco se não conseguirmos travar a desflorestação”.

O estudo foi realizado por quase 100 investigadores de 60 universidades no Brasil, Reino Unido e outros países, que analisaram alterações em 188 parcelas de floresta ao longo dos últimos 30 anos.

Assim, concluíram que a secção transversal média dos troncos aumentou 3,3% por década, com maior crescimento observado nas árvores de maior porte. Este fenómeno foi associado ao aumento de CO₂ na atmosfera devido à queima de combustíveis fósseis.

Árvores como os castanheiros, sumaúmas e angelins vermelhos, que chegam a ultrapassar os 30 metros, dominam o dossel da floresta e lideram a competição por luz, água e nutrientes para a fotossíntese, concluíram os cientistas.

Os investigadores sublinharam que estes resultados reforçam a importância das áreas protegidas da Amazónia como aliadas na luta contra a crise climática, embora não sejam suficientes para compensar todo o CO₂ emitido globalmente. As zonas fragmentadas pela agroindústria e infraestrutura – sobretudo no sudeste – já passaram de reservatórios de carbono a emissores líquidos de carbono.

Segundo os autores do estudo, durante anos, pensou-se que estas árvores morreriam mais depressa com o aumento das temperaturas devido às suas raízes pouco profundas. No entanto, estudos recentes mostram que conseguem captar água a grandes profundidades.

A coautora do estudo, Adriane Esquivel-Muelbert, da Universidade de Cambridge, destacou a importância destas árvores para o funcionamento do bioma: “embora representem apenas 1% das árvores da floresta, são responsáveis por 50% do ciclo e armazenamento de carbono, e provavelmente uma proporção semelhante do ciclo da água”.

E continua: “as florestas ficam muito mais secas quando as grandes árvores morrem. Isso altera a estrutura da floresta e demora muito tempo a recuperar, porque estas árvores levam muito tempo a crescer”, acrescentou. “Por isso, é um pouco esperançoso vermos que estão a crescer em tamanho e número em toda a Amazónia e há alguma resiliência”.

 

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