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Extração de minerais no fundo do mar pode devastar ecossistemas marinhos, alerta estudo

Extração de minerais no fundo do mar pode devastar ecossistemas marinhos, alerta estudo iStock

A extração de minerais nas profundezas do oceano pode trazer efeitos devastadores aos ecossistemas marinhos, alertaram cientistas da Universidade do Havai num estudo publicado na revista Nature Communications.

A investigação concluiu que as nuvens de partículas suspensas na água geradas pela extração de minerais no fundo do mar podem privar de alimento os organismos microscópicos que sustentam toda a cadeia alimentar oceânica, com impacto potencial nas pescas e no consumo humano.

Esta extração em mar profundo visa perfurar o fundo do oceano para recolher materiais ricos em cobre, ferro, zinco e outros minerais críticos usados em veículos elétricos, tecnologias digitais e aplicações militares. Embora ainda não tenha começado à escala comercial, vários países estão já a preparar operações à medida que cresce a procura por estes materiais essenciais à transição energética.

Os investigadores estudaram amostras recolhidas em 2022 numa zona do Pacífico situada entre os 200 e 1.500 metros de profundidade. Segundo o estudo, os resíduos libertados durante os testes de extração criaram nuvens de partículas com o mesmo tamanho dos alimentos ingeridos pelo zooplâncton, pequenos organismos que servem de base à cadeia alimentar marinha.

Ao contrário de estudos anteriores centrados nos danos causados no leito oceânico, esta investigação foca-se nos efeitos no ecossistema marinho. Os cientistas consideraram urgente avaliar a profundidade e qualidade adequadas para devolver a água e sedimentos ao oceano.

Brian Popp, autor principal do estudo, defendeu que “poderá nem sequer ser necessário escavar o fundo do mar” e sugere fontes alternativas de metais, como a reciclagem de baterias e equipamentos eletrónicos ou o reaproveitamento de resíduos mineiros.

Já Michael Dowd, coautor do estudo, advertiu ainda que “se apenas uma empresa operar numa pequena área, o impacto será limitado, mas se várias empresas explorarem durante anos, os efeitos podem espalhar-se por toda a região”.

 

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