Uma investigação revelou que grande parte do mundo apoia a meta de proteger 30% da Terra e 30% das áreas marinhas até 2030. O estudo, realizado em oito países de cinco continentes, encontrou um apoio significativo para este objetivo.
Em 2022, quase 200 nações concordaram em dedicar 30% do território terrestre e marinho para a natureza, no âmbito do Quadro Global de Biodiversidade Kunming-Montreal. No entanto, atualmente, apenas 17,6% da Terra e 8,6% dos mares estão sob proteção global, com mais de 100 países ainda a menos de metade do caminho para atingir a meta.
Para cumprir o objetivo nos próximos cinco anos, os governos necessitam de implementar mudanças rápidas. Contudo, aumentar as áreas protegidas pode ser um desafio político, pois pode envolver restrições ao acesso a terras, a suspensão da extração de recursos e até a realocação de assentamentos humanos. Estes fatores, juntamente com os possíveis impactos no crescimento económico, são frequentemente citados como obstáculos por vários países.
A análise, publicada na semana passada na Proceedings of the National Academy of Sciences, mostrou que mais de 80% da população de oito países apoia esta política.
Para Aksel Sundström, cientista político da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, e coautor do estudo, “houve uma sensação entre os formuladores de políticas de que não sabiam se as pessoas estavam realmente interessadas nesta expansão massiva, mas penso que, a partir destes dados, podemos dizer que a opinião pública não parece ser um grande obstáculo para tornar esta expansão possível ou viável”.
No estudo, realizado com 12.000 pessoas de oito países – Argentina, Brasil, Índia, Indonésia, África do Sul, Espanha, Suécia e Estados Unidos da América –, os cientistas encontraram elevados níveis de apoio por parte dos cidadãos.
Os argentinos e brasileiros mostraram o maior apoio à expansão das áreas protegidas nos seus países, com 87,9% e 90%, respetivamente. Já os suecos e os norte-americanos, embora também favoráveis, apresentaram taxas ligeiramente mais baixas, com 66,3% e 71,2%, respetivamente. A média de apoio entre os oito países foi de 82,4%.
Apesar de a investigação ter abrangido apenas oito países, “dado o quão consistentes são muitos desses padrões, parece plausível que as pessoas em países semelhantes tenham preferências similares”, referiu Patrik Michaelsen, coautor do estudo e também doente da Universidade de Gotemburgo.
O estudo também revelou que o apoio ao objetivo de proteção aumentou quando a responsabilidade pela proteção da natureza foi dividida igualmente entre os países, sem permitir que os governos pagassem para proteger áreas em outros países em vez de investir na conservação doméstica. Além disso, houve um forte consenso de que os países mais ricos devem assumir a maior parte dos custos para atingir a meta.