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Portuguesa lidera estudo que propõe nova abordagem para proteger os oceanos

Portuguesa lidera estudo que propõe nova abordagem para proteger os oceanos iStock

Um artigo científico, liderado por uma investigadora portuguesa, propõe novas formas de proteger os oceanos, defendendo uma gestão mais clara e coordenada entre o ordenamento do espaço marinho e as áreas marinhas protegidas, especialmente face às alterações climáticas.

Deste modo, a análise, publicada na revista científica npj Ocean Sustainability (do grupo Nature), defende a criação de sinergias entre estes dois processos importantes para a conservação marinha: o Ordenamento do Espaço Marinho (OEM) e o planeamento de Áreas Marinhas Protegidas (AMP).

A investigação, liderada por Catarina Frazão Santos, professora auxiliar convidada da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (CIÊNCIAS ULisboa), discute de que forma é que reconhecer que os dois processos são distintos e têm objetivos diferentes “é fundamental” para desenvolver soluções sustentáveis e inteligentes no âmbito das alterações climáticas.

Desta forma, a equipa de cientistas defende que, para proteger eficazmente os oceanos num cenário de mudanças rápidas e profundas, é essencial dissipar a confusão entre estes dois instrumentos de gestão e promover uma atuação integrada e coordenada.

“O ordenamento do espaço marinho e o planeamento de áreas marinhas protegidas não são a mesma coisa, mas ambos têm um papel fundamental na sustentabilidade do oceano, em especial no contexto das presentes crises climática e de biodiversidade. Temos de avançar no sentido de esclarecer diferenças e identificar sinergias para suportar um oceano saudável”, referiu Catarina Frazão Santos, professora auxiliar convidada de CIÊNCIAS ULisboa e investigadora do Centro de Ciências do Mar e Ambiente (MARE) e, ainda, investigadora honorária na Universidade de Oxford.

Os investigadores destacaram cinco aspetos-chave que diferenciam o OEM do planeamento de AMP, nomeadamente: a utilização de processos de zonamento, a escala do planeamento (temporal e espacial), o envolvimento dos agentes interessados, a capacidade de adotar uma perspetiva “sistémica”, e a integração de considerações relativas às alterações climáticas.

Ao mesmo tempo, a equipa identificou também sete vias principais para potenciar sinergias entre um OEM inteligente do ponto de vista climático e o planeamento de AMP (desde a identificação de novos locais para AMP tendo em conta informação climática, até à antecipação de diferentes futuros possíveis e identificação de formas de garantir a adaptação aos mesmos).

De acordo com os cientistas, é também importante reconhecer que um OEM sustentável não deve substituir o planeamento de AMP nem promover o crescimento económico em detrimento da biodiversidade, da saúde dos ecossistemas e do bem-estar das comunidades humanas que dependem dos mesmos.

Já para Helena Calado, professora associada da Universidade dos Açores e uma das autoras do artigo, é necessária “uma abordagem mais clara e consistente na definição de conceitos no ordenamento do espaço marinho e áreas marinhas protegidas, de forma a evitar um discurso demasiado denso e complexo que se arrisca a criar uma confusão desnecessária que dificulta uma implementação efetiva”.

A equipa responsável pelo artigo inclui cientistas de Portugal (Universidade de Lisboa e Universidade dos Açores), EUA (Sound Seas), Itália (Conselho Nacional de Investigação), Canada (Fisheries and Oceans Canada), e do Reino Unido (Universidade de Oxford).

 

 

 

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