Um projeto de restauro ecológico no concelho de Boticas recuperou 80 hectares, beneficiando 65 agricultores e mais de 2.000 animais. Com três anos de duração e um investimento de 360 mil euros, a iniciativa superou as metas iniciais, que previam a recuperação de 60 hectares.
De acordo com o comunicado de imprensa, a superação das metas foi possível graças a uma “gestão eficiente”, permitindo regenerar a floresta, instalar novas pastagens e restaurar a biodiversidade local.
O encerramento do projeto reuniu os parceiros Bel Portugal, WWF Portugal e a Cooperativa Agro Rural de Boticas (CAPOLIB) para celebrar os resultados de uma iniciativa que, segundo a comunicação, “deixa um legado vivo no território”.
Segundo a nota de imprensa, a recuperação de áreas degradadas devolveu a capacidade produtiva a terrenos abandonados e reforçou práticas agrícolas tradicionais, fundamentais para o equilíbrio ambiental e social da região.
O impacto ecológico do projeto traduziu-se na recuperação de habitats e no regresso de várias espécies protegidas. Foram identificadas 58 aves pertencentes a 25 espécies, entre as quais a rola-brava e a águia-caçadeira, ambas ameaçadas de extinção.
Foram ainda registados corços e coelhos-bravos, espécies essenciais ao equilíbrio do ecossistema mediterrânico, e confirmada a presença do lobo-ibérico. Além disso, observou-se uma grande diversidade de anfíbios, répteis e flora, com destaque para espécies vegetais endémicas da Península Ibérica.
“Na Bel acreditamos que a transformação da alimentação começa no solo, e só é possível com práticas agrícolas regenerativas e sustentáveis, feitas em parceria com quem vive da terra. Este projeto em Boticas é um exemplo do impacto real e positivo que se pode ter quando empresas, organizações e comunidades trabalham em conjunto”, afirmou Paula Amaral, responsável de Sustentabilidade da Bel Portugal.
Já Vasco Silva, Coordenador de Florestas da WWF Portugal, avança que “conseguimos promover a multifuncionalidade da paisagem, criar benefícios diretos para os agricultores e contribuir para a continuidade e valorização de atividades económicas e culturais que fazem parte da identidade do Barroso. Com a manutenção deste tipo de paisagem, estamos a dar à região uma maior resiliência aos incêndios florestais”.
A nota de imprensa sublinhou ainda que a intervenção contribuiu para a preservação de espécies nativas e polinizadores, como a abelha produtora do reconhecido mel de urze do Barroso, e para a redução do risco de incêndios rurais, frequentes na região. A gestão florestal baseou-se no aproveitamento da regeneração natural de espécies autóctones, como o pinheiro-bravo e o carvalho.
“Transformámos áreas improdutivas em recursos valiosos para a comunidade. Este projeto permitiu melhorar a qualidade de vida de quem vive da agricultura e da pecuária, e reforçar o orgulho num território com um património único”, acrescentou Ângelo Teixeira da CAPOLIB.