Circularidade

Biorresíduos ganham nova vida em Mangualde com projeto que envolve a comunidade local

Biorresíduos ganham nova vida em Mangualde com projeto que envolve a comunidade local iStock

A gestão eficiente de resíduos é uma prioridade cada vez mais vincada na agenda de trabalhos dos municípios portugueses, e Mangualde não é exceção. O concelho lançou recentemente um projeto-piloto focado na recolha seletiva de biorresíduos no canal HORECA e no comércio local, dando um passo concreto em direção à sustentabilidade do território.

A iniciativa, desenvolvida em parceria com a Associação de Municípios do Planalto Beirão (AMRPB), tem como objetivos reduzir os resíduos enviados para aterro, valorizar matéria orgânica e reforçar a circularidade da economia local. Envolve tecnologia, sensibilização e um modelo de recolha porta-a-porta para aumentar a eficácia do sistema.

Para conhecer melhor este projeto e os seus impactos, conversámos com o vice-presidente da Câmara Municipal de Mangualde, João Cruz, que nos revelou os principais detalhes e a visão do município para o futuro da gestão de resíduos.

Vice-presidente da Câmara Municipal de Mangualde, João Cruz

– Quais os principais objetivos do projeto e de que forma irá promover a sustentabilidade em Mangualde?
Os principais objetivos do projeto têm em conta uma gestão eficiente de biorresíduos no concelho de Mangualde e garantir a implementação de uma recolha cada vez mais seletiva e posteriormente a sua valorização. Queremos com a sua implementação reduzir a quantidade de resíduos que seguem para aterro e imprimir dinâmicas de circularidade económica.

Queremos com a sua implementação reduzir a quantidade de resíduos que seguem para aterro e imprimir dinâmicas de circularidade económica.

– O que levou o município a avançar com esta iniciativa?
Este é um projeto que está a ser construído em estreita parceria com a Associação de Municípios do Planalto Beirão (AMRPB), entidade gestora de resíduos sólidos urbanos na nossa área geográfica e da qual fazemos parte. Há claramente uma necessidade de cumprirmos com as metas estabelecidas a nível nacional e europeu em matéria de reciclagem e redução de resíduos e estas iniciativas visam convergir com essas metas.

– Que critérios foram utilizados para selecionar os estabelecimentos do canal HORECA e comércio local que vão receber os contentores de biorresíduos?
Os critérios utilizados foram definidos pela nossa entidade gestora de resíduos e atualmente de biorresíduos, a AMRPB. Um critério fundamental está relacionado com a localização dos estabelecimentos, que se encontram numa área de maior concentração urbana facilitando a implementação deste serviço de captação de resíduos orgânicos na fonte através da recolha porta-a-porta, obtendo-se assim resultados com maior eficiência operacional e eficácia de captação.

Há claramente uma necessidade de cumprirmos com as metas estabelecidas a nível nacional e europeu em matéria de reciclagem e redução de resíduos e estas iniciativas visam convergir com essas metas.

De que forma será feita a monitorização e avaliação dos resultados deste projeto-piloto?
A monitorização e avaliação dos resultados deste projeto-piloto ficará ao encargo da nossa entidade gestora, que através da implementação de tecnologia no sistema de contentorização associada a uma plataforma, efetuará a gestão das quantidades de biorresíduos gerados em cada estabelecimento, para além da identificação de substâncias contaminantes.

– Que destino terão os biorresíduos recolhidos e como será feita a sua valorização?
O destino destes biorresíduos será a Central de Compostagem de Biorresíduos localizados na AMRPB. Tem havido uma estratégia clara da associação para criar a cadeia de valor necessária para a reutilização e gestão destes resíduos e transformá-los em produtos com valor. Trata-se de uma aposta muito clara na economia circular e na sustentabilidade ambiental e financeira dos sistemas.

Trata-se de uma aposta muito clara na economia circular e na sustentabilidade ambiental e financeira dos sistemas.

– Que estratégias de sensibilização estão previstas para garantir o envolvimento e compromisso dos utilizadores?
As estratégias de sensibilização previstas para garantir o envolvimento e compromisso dos utilizadores serão a realização de ações de sensibilização conjuntas, como a que o município de Mangualde realizou no passado dia 27 de julho, para além da divulgação de informação através das redes socais relativamente à temática dos biorresíduos e em que moldes se irá desenvolver este novo serviço de recolha seletiva de biorresíduos alimentares.

Aquando da entrega dos contentores aos estabelecimentos aderentes, reforçaremos as sensibilizações em cada estabelecimento, para além da entrega de um selo/certificado de RecolhaBio, que indica que o estabelecimento é aderente do projeto.

– Que desafios antecipam na implementação e adesão ao projeto?
Um dos principais obstáculos à correta separação dos biorresíduos é a resistência dos estabelecimentos e a sua adaptação à mudança de hábitos quotidianos.

A introdução de uma nova fração de resíduos — os resíduos orgânicos — exige que os responsáveis dos estabelecimentos adaptem a sua gestão interna de resíduos e a integrem nas suas atividades quotidianas.

Além disso, preocupações com possíveis odores, presença de insetos, ou a necessidade de armazenar separadamente os resíduos podem reforçar a relutância em aderir ao novo sistema.

Superar estas barreiras vai exigir que o município e o planalto beirão se unam por forma a encontrar soluções para essas situações, assim como fazerem um reforço das campanhas de sensibilização e comunicação.

Um dos principais obstáculos à correta separação dos biorresíduos é a resistência dos estabelecimentos e a sua adaptação à mudança de hábitos quotidianos.

– No futuro, planeiam expandir a iniciativa?
A iniciativa será expandida também ao setor doméstico, o que permitirá um envolvimento dos munícipes a efetuarem a separação de biorresíduos alimentares nas suas habitações.

– De que forma o projeto se articula com outros programas de sustentabilidade em curso no concelho de Mangualde?
Há uma visão holística e uma estratégia de sustentabilidade nas diversas áreas de intervenção do município.

Com objetivos transversais a todas as áreas, a meta passa pela cooperação e cocriação com a comunidade a fim do desenvolvimento sustentável do território.

Há investimento público, como é o caso do novo ecocentro para grande parte dos Resíduos Sólidos Urbanos, mas também um conjunto de ações imateriais e de sensibilização que procuram promover o caminho para uma cultura de sustentabilidade ambiental e económica.

– Qual é a visão de médio e longo prazo do município para a gestão dos resíduos orgânicos e economia circular em Mangualde?
Convergir com as metas nacionais e europeias do PERSU 2030 e imprimir dinâmicas que promovam a criação de riqueza sustentável no território para que sejamos mais atrativos e competitivos. Este é o caminho para termos um território inteligente e atrair assim mais investimento e novos residentes.

 

 

 

 

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