A representação feminina nos órgãos de gestão das empresas portuguesas continua a crescer, atingindo valores recorde desde a entrada em vigor da lei que impõe limites mínimos de género.
É a conclusão do WoBómetro – Barómetro do Equilíbrio de Mulheres e Homens nos Órgãos de Gestão das Empresas, publicado em agosto de 2025, que concluiu ainda que as mulheres ocupam agora 34% dos lugares nos conselhos de administração das empresas cotadas, face aos 18% registados em 2018.
O objetivo do relatório, da autoria do Observatório de Género, Trabalho e Poder, em parceria com a CIG – Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, passou por avaliar o impacto da lei na promoção de uma representação mais equilibrada de género nos órgãos de administração e fiscalização das empresas cotadas em bolsa, do setor empresarial do Estado e do setor empresarial local.
O estudo revelou ainda um aumento expressivo nos órgãos de fiscalização, onde a presença feminina passou de 19% para 43%. Entre os cargos não executivos, as mulheres já representam 46% dos assentos, aproximando-se da paridade. Nas empresas do PSI, pela primeira vez, há uma CEO mulher, e 45% dos lugares de fiscalização são ocupados por mulheres.
No setor empresarial do Estado, a percentagem de mulheres nos órgãos de administração é de 42% e nos de fiscalização de 48%, embora se tenha verificado uma ligeira descida nos cargos executivos face a 2019. No setor empresarial local, a presença feminina nos órgãos de administração subiu para 35%, com destaque para os cargos executivos, que aumentaram de 24% para 39%.
O Índice Women on Boards (WoB), que visa mensurar a representação equilibrada entre mulheres e homens nos órgãos de administração das empresas, confirmou a tendência positiva: passou de 0,36 em 2018 para 0,79 em 2024 nas empresas cotadas, com valores de 0,80 no SEE e 0,67 no SEL. Além disso, 87,5% das empresas cotadas já publicam planos para a igualdade, assim como 57,8% do SEE e 14,1% do SEL, demonstrando maior compromisso institucional com a diversidade e inclusão.
Foi ainda concluído que existe uma maior presença feminina em empresas de setores regulados como, por exemplo, na área da energia, transportes e saúde, e menor presença em setores industriais e tecnológicos, onde a paridade está mais distante.
A análise demonstrou também que Portugal apresenta valores de presença feminina nos órgãos de administração próximos da média da UE-27 e acima de países como Alemanha e Espanha, mas ainda abaixo de França e Noruega, onde existem quotas mais ambiciosas.
De acordo com a investigação, as empresas reportaram um aumento de formação e iniciativas de consciencialização sobre igualdade de género, com o intuito de promover uma cultura organizacional mais inclusiva.
Segundo o Observatório Género, Trabalho e Poder, estes resultados demonstram que a lei está a produzir efeitos concretos, aproximando Portugal da média europeia e promovendo uma maior paridade nos lugares de decisão, embora persistam desafios, sobretudo no setor empresarial local e na ocupação de cargos executivos.
O relatório alertou ainda que, sem medidas adicionais, a tendência pode estagnar, recomendando monitorização contínua, reforço da transparência e políticas de incentivo para promover equilíbrio de género de forma sustentável.