Governance

Regulação da poluição do ar apresenta desigualdades entre setores

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Um novo estudo realizado no Reino Unido revelou desigualdades significativas na forma como a poluição do ar é regulada entre diferentes setores, com alguns a beneficiarem de normas mais permissivas do que outros.

A investigação centrou-se nos óxidos de azoto, um grupo de poluentes atmosféricos perigosos, particularmente o dióxido de azoto, conhecido por causar problemas respiratórios e por ser proveniente de gases de escape ou outros sistemas de combustão.

Ao calcular a poluição emitida por unidade de energia produzida, os investigadores compararam uma ampla gama de equipamentos e motores – desde sopradores de folhas manuais a automóveis, navios, aviões e centrais elétricas.

“Antecipávamos que os grandes emissores de gases, como as centrais elétricas, tivessem limites mais rigorosos do que os aparelhos mais pequenos, mas não foi esse o caso. Por unidade de energia produzida, as centrais elétricas podem emitir 10 vezes mais óxidos de azoto do que a caldeira a gás na nossa casa, e uma escavadora a trabalhar na sua rua pode emitir 100 vezes mais”, explicou Sarah Moller, da Universidade de York e principal autora do estudo.

Os setores com regulamentos mais brandos incluem o transporte marítimo, a aviação, a construção civil e a maquinaria agrícola. Em muitos casos, esta disparidade deve-se à falta de regulamentação, e não a limitações tecnológicas, frisam os investigadores.

A queima de biomassa em grandes centrais e em caldeiras de média dimensão, também surge como área onde os limites poderiam ser apertados, referem os cientistas, explicando que estas instalações, tal como as que ainda usam carvão, têm permissão legal para emitir mais óxidos de azoto do que as que funcionam com gás fóssil.

Os investigadores notaram que, em 2018, 38% dos comboios a diesel no Reino Unido tinham sido construídos antes da existência de quaisquer limites de emissões, e que a idade média de um navio mercante é de 22 anos. Neste sentido, alertaram para a importância de reconhecer que muitos dos motores e caldeiras atualmente fabricados continuarão em operação durante várias décadas.

Com o avanço da transição para a neutralidade carbónica, setores como o transporte rodoviário e o aquecimento doméstico irão recorrer cada vez mais à eletricidade, o que deverá levar a uma significativa redução da poluição do ar e dos seus impactos na saúde pública.

Contudo, outros setores pretendem fazer a transição para combustíveis com menos carbono – como biocombustíveis, hidrogénio, amoníaco e combustíveis sustentáveis para a aviação – mas estes também têm custos ambientais. A combustão destes combustíveis continua a produzir óxidos de azoto, sublinham os autores do estudo.

Os cientistas alertam para o facto de o futuro poder vir a ser ainda mais poluente se nada mudar já hoje, avançando que, entre 2022 e 2050, se prevê que o transporte marítimo mundial duplique e que a aviação triplique, dois dos setores com os controlos legais mais brandos.

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