Transição energética

Previsões apontam para um aquecimento global de 2,6 ºC até ao final do século

Previsões apontam para um aquecimento global de 2,6 ºC até ao final do século iStock

As emissões mundiais de combustíveis fósseis atingiram um novo máximo histórico e o planeta continua a caminhar para um cenário de aquecimento global de 2,6 °C até ao final do século, alertaram dois relatórios divulgados esta quinta-feira, dia 13 de novembro, no âmbito da COP30, que decorre em Belém, no Brasil.

A atualização do Climate Action Tracker concluiu que os novos compromissos climáticos apresentados pelos governos nacionais, um pouco por todo o mundo, permanecem insuficientes pelo quarto ano consecutivo.

A previsão de aumento da temperatura global mantém-se assim nos 2,6 ºC, acima dos níveis pré-industriais, uma trajetória que viola as metas do Acordo de Paris e que, segundo os especialistas, poderá conduzir o mundo a uma nova era de fenómenos meteorológicos extremos e impactos sociais severos.

O Global Carbon Project (GCP) confirmou a tendência de que as emissões provenientes de carvão, petróleo e gás deverão crescer cerca de 1% em 2025, alcançando o valor mais elevado de sempre. Segundo o GCP, embora o ritmo de aumento tenha abrandado, graças à expansão das energias renováveis, estas ainda não conseguem superar a procura energética global.

“Um mundo a 2,6 ºC significa um desastre global”, alertou Bill Hare, diretor-executivo da Climate Analytics. O especialista destacou a possibilidade de ocorrerem pontos de rutura climática, como “o colapso de importantes circulações do Atlântico, a perda de recifes de coral, a deterioração prolongada das camadas de gelo e a conversão da floresta amazónica em savana”. Cenários que, acrescentou, significariam “o fim da agricultura no Reino Unido e na Europa, secas e falhas de monções na Ásia e em África, calor e humidade letais”.

Desde a Revolução Industrial, o planeta aqueceu cerca de 1,3 ºC devido à desflorestação e ao uso de combustíveis fósseis, efeitos já visíveis em tempestades mais intensas, incêndios devastadores e secas prolongadas. No entanto, apenas cerca de 100 países submeteram novas contribuições nacionais para esta ronda de negociações, e as metas apresentadas são consideradas insuficientes.

Apesar da gravidade da situação, os relatórios reconhecem progressos desde 2015, quando se estimava um aquecimento de 3,6 ºC até 2100. A rápida instalação de energias renováveis e a redução do uso de carvão contribuíram para melhorar a projeção global. Ainda assim, o GCP destacou um sinal alarmante: os principais produtores naturais de carbono estão a enfraquecer.

Entre os alertas mais fortes deixados em Belém, destaca-se o do antigo vice-presidente norte-americano Al Gore, que classificou como “literalmente impensável que continuemos a permitir que [o aquecimento global] prossiga”.

Acrescentando: “durante quanto tempo vamos continuar a aumentar o termóstato para que estes eventos piorem ainda mais? Precisamos de nos adaptar e mitigar, mas também de ser realistas: se continuarmos a usar o céu como um esgoto aberto, algumas coisas tornar-se-ão impossíveis de adaptar”.

 

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