O aumento das temperaturas globais já está a causar a morte de uma pessoa por minuto em todo o mundo, segundo o mais recente relatório Lancet Countdown on Health and Climate Change 2025, coordenado pela University College London (UCL) em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O estudo, que envolveu 128 especialistas de mais de 70 instituições e agências da ONU, descreve um cenário alarmante sobre o impacto da crise climática na saúde humana.
O relatório apontou que a dependência global dos combustíveis fósseis é responsável não apenas pelo aquecimento do planeta, mas também por poluição tóxica do ar, incêndios florestais e propagação de doenças tropicais, tais como a dengue.
Além disso, entre 2012 e 2021, a mortalidade associada ao calor aumentou 23% face aos níveis da década de 1990, atingindo uma média de 546 mil mortes anuais, o equivalente a uma morte relacionada com o calor a cada minuto.
A par da perda de vidas, as temperaturas extremas provocaram 639 mil milhões de horas de trabalho perdidas em 2024, com impacto económico de até 6% do PIB nos países menos desenvolvidos. As secas e vagas de calor agravaram a insegurança alimentar, afetando mais 123 milhões de pessoas em 2023 em comparação com a média histórica.
Segundo o estudo, as 100 maiores empresas de combustíveis fósseis aumentaram a sua produção até março de 2025, projetando emissões de CO₂ três vezes superiores aos níveis compatíveis com o Acordo de Paris. Paralelamente, os principais 40 bancos mundiais investiram 611 mil milhões de dólares no setor em 2024, mais do que aplicaram em energia ‘verde’.
A investigadora Marina Romanello, da UCL, sublinhou que a crise climática já se traduz em “milhões de mortes evitáveis todos os anos” e que “um futuro saudável é impossível enquanto se continuar a financiar os combustíveis fósseis”.
Ainda assim, a responsável destacou sinais de esperança em ações lideradas por comunidades locais e pelo setor da saúde, que enfrentam diariamente as consequências da crise e estão a promover adaptação urbana, transição energética e dietas sustentáveis.
Segundo o relatório, a humanidade já entrou na “era das consequências climáticas”, e evitar um colapso de saúde global depende de decisões políticas imediatas para abandonar os combustíveis fósseis e acelerar a transição para energias ‘limpas’.

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