Pela primeira vez, as centrais solares e eólicas produziram mais eletricidade do que as centrais a carvão em todo o mundo, segundo um relatório do think tank climático Ember, que identificou 2025 como um ponto de viragem no sistema energético global.
Nos primeiros seis meses do ano, as energias renováveis conseguiram acompanhar o crescimento da procura mundial de eletricidade, provocando uma ligeira redução no uso de carvão e gás natural.
A produção de energia solar aumentou quase um terço em relação ao mesmo período de 2024, cobrindo 83% do aumento global da procura elétrica, enquanto a energia eólica cresceu 7%.
De acordo com Małgorzata Wiatros-Motyka, analista sénior da Ember e autora do estudo, trata-se de “um momento crucial”. Na sua ótica, “a energia solar e a eólica estão agora a crescer o suficiente para satisfazer o aumento da procura global. Este é o início de uma nova fase em que a energia limpa acompanha o crescimento do consumo”.
O relatório destacou ainda o papel da China e da Índia, responsáveis pela maior parte da expansão renovável, ao contrário dos Estados Unidos da América (EUA) e da União Europeia (UE), que continuam a depender significativamente de combustíveis fósseis.
Segundo o estudo, a China manteve-se como o maior mercado mundial de renováveis, adicionando mais capacidade do que o resto do mundo em conjunto, o que levou a uma queda de 2% no uso de combustíveis fósseis no primeiro semestre de 2025. Já a Índia triplicou a sua produção renovável face à procura elétrica, reduzindo o consumo de carvão e gás em 3,1% e 34%, respetivamente.
Em contrapartida, os EUA registaram um aumento de 17% na geração de eletricidade a carvão, uma vez que a procura energética superou o crescimento das renováveis. Na UE, a procura manteve-se estável, mas condições meteorológicas adversas reduziram a produção eólica e hídrica, levando a um aumento de 14% no uso de gás e de 1,1% no carvão.
O estudo da Ember concluiu que, apesar das diferenças regionais, a transição energética global está a acelerar, com a energia solar e eólica a consolidarem-se como os principais motores do novo sistema elétrico mundial.