A ZERO manifestou preocupação quanto a um novo acordo entre a União Europeia (UE) e os Estados Unidos da América (EUA), que prevê um investimento de 700 mil milhões de euros ao longo dos próximos três anos para a importação de combustíveis fósseis e energia nuclear.
O alerta surge na sequência de um comunicado do European Environmental Bureau (EEB), a maior rede de organizações não governamentais de ambiente da Europa, que sublinhou os impactos negativos do acordo nas metas climáticas da UE para 2030.
Segundo a ZERO, o compromisso é “incompatível” com os objetivos europeus de descarbonização. A associação sublinhou que, ao reforçar a dependência energética da UE em relação aos combustíveis fósseis, o acordo mina os esforços de transição para fontes renováveis e envia um sinal errado tanto à sociedade como aos mercados.
Uma análise da Associação aos números envolvidos no acordo levanta dúvidas quanto à sua viabilidade e coerência. De acordo com dados do Eurostat, os EUA já detêm atualmente cerca de 50% do mercado de gás natural liquefeito (GNL) da UE. Mesmo que os 17% anteriormente fornecidos pela Rússia fossem totalmente substituídos por gás norte-americano, isso representaria apenas um acréscimo de 9 mil milhões de euros por ano – cerca de 2,5% do total das importações energéticas da UE.
De acordo com o comunicado, as importações totais de energia da UE em 2024 foram avaliadas em cerca de 370 mil milhões de euros. Mesmo em cenários considerados extremos, em que todas as importações de petróleo e gás fossem transferidas para os EUA, o valor adicional não ultrapassaria os 100 mil milhões de euros anuais – muito abaixo da meta de 250 mil milhões de dólares/ano anunciada no acordo.
Num momento crítico para a ação climática e para o fortalecimento da resiliência energética europeia, a ZERO defende que a UE deveria estar a investir em energias renováveis e em estratégias de suficiência energética, e não a aprofundar a sua dependência de fontes poluentes e importadas.
A organização ambiental apelou, tal como o EEB, ao Parlamento Europeu e aos Estados-Membros para que rejeitem qualquer parte do acordo que comprometa os objetivos climáticos, a soberania energética ou a credibilidade internacional da Europa.