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Alterações climáticas aumentam em 40 vezes probabilidade de incêndios na Península Ibérica

Alterações climáticas aumentam em 40 vezes probabilidade de incêndios na Península Ibérica iStock

Uma análise preliminar indica que as alterações climáticas tornaram 40 vezes mais prováveis as condições meteorológicas extremas que estiveram na origem dos incêndios registados em Espanha e Portugal no último mês.

Segundo um estudo de investigadores da rede World Weather Attribution, os incêndios mortais que devastaram 500 mil hectares da Península Ibérica em poucas semanas foram também 30% mais intensos do que seria esperado num mundo sem alterações climáticas.

“A dimensão destes incêndios tem sido impressionante”, afirmou Clair Barnes, cientista do clima no Imperial College London e coautora do estudo. E continua: “condições mais quentes, secas e inflamáveis estão a tornar-se mais severas com as alterações climáticas e a dar origem a fogos de intensidade sem precedentes”.

Os investigadores concluíram que, no clima pré-industrial, estas condições poderiam ocorrer apenas uma vez a cada 500 anos, mas no mundo atual, aquecido pela poluição resultante da queima de carvão, petróleo e gás, podem ser esperadas a cada 15 anos.

Os investigadores verificaram que o impacto das alterações climáticas no calor extremo foi ainda mais acentuado. Antes da industrialização, as temperaturas máximas de 10 dias consecutivos, como as registadas na região no último mês, só seriam esperadas uma vez a cada 2.500 anos. Atualmente, podem ocorrer a cada 13 anos.

O estudo, que ainda não foi submetido a revisão por pares, baseou-se em observações meteorológicas em vez da análise de modelos climáticos que o grupo costuma realizar logo após fenómenos extremos. Já uma análise mais completa, publicada na semana passada sobre os incêndios na Turquia e na Grécia, concluiu que as alterações climáticas tornaram aquelas condições meteorológicas extremas 10 vezes mais prováveis.

A investigação também concluiu que as alterações no uso do solo agravaram o risco crescente de incêndios descontrolados na região. Em vários países quentes do Mediterrâneo, o abandono das zonas rurais e o envelhecimento da população têm dificultado a resposta, já que o êxodo dos jovens para as cidades deixou para trás terrenos agrícolas abandonados e com vegetação densa, facilmente inflamável.

 

 

 

 

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