Economia Circular

Cerca de 200 mil milhões de dólares em materiais recicláveis são desperdiçados por ano, diz estudo

Cerca de 200 mil milhões de dólares em materiais recicláveis são desperdiçados por ano, diz estudo iStock

Segundo o estudo “Circularity’s Time Has Come”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG), cerca de 200 mil milhões de dólares em materiais recicláveis são desperdiçados anualmente.

Destes, o cobre representa cerca de 70 mil milhões de dólares e o plástico 50 mil milhões de dólares, “revelando uma oportunidade de negócio na adoção da circularidade, nomeadamente na indústria transformadora”, enfatiza o comunicado de imprensa.

Segundo a análise, em 2023, apenas 7,2% dos materiais produzidos tiveram origem em fontes circulares, um decréscimo de 1,9 pontos percentuais face a 2018. Além disso, prevê-se que a extração de matérias-primas aumente para 167 gigatoneladas em 2060 comparativamente a 96 no início do milénio, com a procura por aço, cobre e alumínio a ultrapassar a oferta já em 2030.

“Apostar na economia circular é concretizar os imperativos de minimizarmos o desperdício e valorizarmos recursos que são escassos. E cada vez mais existe também um incentivo económico para as empresas, seja para assegurarem novas fontes de matéria-prima sustentável, reduzirem custos, ou consolidar uma posição de liderança no mercado”, referiu Carlos Elavai, Managing Director e Partner da BCG em Lisboa.

No entanto, a adoção da circularidade enfrenta barreiras económicas (quando os custos de triagem e processamento superam o valor dos materiais reciclados), técnicas (quando há menos instalações do que materiais para reciclar) e comportamentais (quando as empresas se mostram resistentes à mudança).

Deste modo, a BCG identificou quatro abordagens que as empresas na indústria transformadora devem adotar para liderar o caminho da circularidade e ganhar vantagens competitivas:

  1. Garantir um fornecimento estável de material desperdiçado: ao assegurarem um fluxo constante de materiais, estabelecer parcerias estratégicas e investir em infraestruturas para recolher e melhorar a qualidade dos materiais, as empresas da indústria transformadora protegem-se contra o risco de preços elevados, disrupções na cadeia de abastecimento e interrupções operacionais, conseguindo reduzir os custos em cerca de 10% a 15%, assegurando ao mesmo tempo, vantagens no mercado.
  2. Evitar a fragmentação dos resíduos na fonte: a reciclagem de materiais pós-consumo é uma oportunidade de negócio atrativa, mas enfrenta desafios como a fragmentação do sistema de recolha de resíduos (composto por milhares de operadores locais de pequena escala) e a qualidade dos materiais provenientes de diferentes fontes. As organizações que conseguirem superar estas barreiras poderão aceder a um setor crescente e competitivo, visto que o mercado global de reciclagem de resíduos era de 60 mil milhões de dólares em 2023, e está a expandir-se a uma taxa anual de 4% a 5%. Para tal, as empresas devem desenvolver parcerias, aquisições e joint-ventures, garantindo a resiliência da cadeia de abastecimento e a qualidade dos materiais.
  3. Inovar em tecnologias de triagem e processamento: apostar em melhorias tecnológicas pode ser uma solução para as empresas ultrapassarem as barreiras económicas e técnicas que impedem o aumento da reutilização de materiais como alumínio, cobre e plástico. As tecnologias de triagem, como os robots, podem separar materiais valiosos dos resíduos, enquanto as tecnologias de processamento podem melhorar a conversão de material utilizado, permitindo que mais materiais sejam desviados dos aterros e tenham uma nova utilidade. Para alcançar a circularidade, a economia global necessita de investir mais de 2 biliões de dólares até 2040, sendo que mais de metade (cerca de 57%) desse valor deve ser canalizado para inovações tecnológicas.
  4. Incluir a circularidade no planeamento estratégico: a circularidade deve ser parte integrante da estratégia e modelo operacional das empresas, promovendo a criação de soluções diferenciadas adaptadas a fornecedores e clientes, através da conceção de produtos que incentivam a utilização de materiais reciclados e a rastreabilidade para garantir que o produto pode ser certificado. Esta abordagem permite a criação de novos mercados, a diversificação da oferta, o crescimento das margens de lucro e o fortalecimento das relações

 

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