Desplastificação

Plásticos causam danos de 1,5 biliões de dólares por ano ao setor da saúde, revelou estudo

iStock

Um novo relatório alertou para os impactos dos plásticos, classificando-os como um “perigo grave, crescente e subestimado” para a saúde humana e ambiental. Segundo o documento, o mundo vive uma verdadeira “crise dos plásticos”, que provoca doenças e mortes desde a infância até à velhice, sendo responsável por, pelo menos, 1,5 biliões de dólares por ano em danos relacionados com a saúde.

De acordo com a análise, publicada na revista médica The Lancet, o principal motor desta crise é a “explosão” da produção de plástico, que aumentou mais de 200 vezes desde 1950 e deverá quase triplicar novamente até ultrapassar mil milhões de toneladas por ano em 2060.

A investigação realça ainda que, embora o plástico tenha muitas utilizações importantes, o crescimento mais acelerado verificou-se nos plásticos descartáveis, como garrafas de bebidas e embalagens de fast food.

O resultado é uma poluição “galopante”, com 8 mil milhões de toneladas de plástico a poluírem todo o planeta, desde o topo do Monte Evereste até às fossas oceânicas mais profundas, com os responsáveis pelo estudo a enfatizarem que menos de 10% do plástico produzido é reciclado.

O estudo sublinhou que os plásticos representam um risco para as pessoas e para o ambiente em todas as fases do seu ciclo de vida – desde a extração dos combustíveis fósseis usados na sua produção, passando pelo fabrico e uso até ao lixo. Os especialistas explicam que este processo gera poluição no ar, exposição a químicos tóxicos e introdução de microplásticos no corpo humano.

Mais de 98% dos plásticos são produzidos a partir de petróleo, gás e carvão. A produção é intensiva em energia, libertando anualmente o equivalente a 2 mil milhões de toneladas de CO₂ – mais do que as emissões da Rússia. Além disso, mais de metade dos resíduos plásticos não geridos são queimados ao ar livre, agravando ainda mais a poluição atmosférica, sublinham os especialistas.

No processo de fabrico são utilizados mais de 16 mil químicos, incluindo corantes, retardadores de chama e estabilizadores. Muitos destes estão associados a efeitos negativos para a saúde em todas as fases da vida.

Neste sentido, a análise aponta que fetos, bebés e crianças são particularmente vulneráveis aos efeitos dos plásticos, com associações comprovadas a abortos espontâneos, partos prematuros, malformações, problemas respiratórios, cancro infantil e infertilidade futura.

Além disto, os seus efeitos na saúde ainda estão pouco compreendidos, mas há ligações a AVCs e ataques cardíacos, pelo que os investigadores defendem uma abordagem de precaução relativamente aos plásticos.

A divulgação do relatório antecedeu à sexta, e possivelmente última, ronda de negociações para a criação de um tratado global juridicamente vinculativo sobre os plásticos. As discussões têm sido marcadas por um impasse entre os mais de 150 países favoráveis à imposição de limites à produção de plástico e os países produtores de petróleo, como a Arábia Saudita, que rejeitam a proposta.

 

 

Não perca informação: Subscreva as nossas Newsletters

Subscrever