A poluição anual de 66 milhões de toneladas, proveniente de embalagens de plástico que chegam ao ambiente, poderá ser praticamente eliminada até 2040, principalmente através de sistemas de reutilização e retorno, revelou um novo estudo.
De acordo com a análise da Pew Charitable Trusts, em colaboração com académicos do Imperial College London e da Universidade de Oxford, alertou que o plástico está atualmente a pôr em risco a saúde pública, as economias mundiais e o futuro do planeta.
A investigação avançou também que, se nada for feito, a poluição por plástico mais do que duplicará nos próximos 15 anos, atingindo 280 milhões de toneladas métricas por ano, o equivalente a “um camião do lixo cheio de resíduos plásticos despejado a cada segundo”.
O relatório, intitulado Breaking the Plastic Wave 2025, sublinhou que estes impactos irão atingir “todos os aspetos da vida; desde a economia, à saúde pública, à crise climática”.
Segundo os autores do estudo, “este crescimento rápido irá prejudicar a saúde humana e os meios de subsistência através do aumento dos níveis de poluição do solo, da água e do ar, da exposição a químicos tóxicos e do risco de doenças, e conduzirá também a taxas mais elevadas de ingestão e de entrelaçamento dos animais, resultando em doenças, ferimentos e morte”.
A produção de plástico, feita a partir de combustíveis fósseis, deverá aumentar 52% entre 2025 e 2040, de 450 para 680 milhões de toneladas, crescendo duas vezes mais depressa do que os sistemas de gestão de resíduos, já hoje incapazes de acompanhar o ritmo, enfatizam os investigadores.
De acordo com o relatório, o setor das embalagens é o principal motor deste aumento, sendo que, em 2025, as embalagens representavam 33% de todo o lixo plástico mundial, contribuindo para que 66 milhões de toneladas de poluição entrassem anualmente no ambiente.
A investigação mostra, porém, que esta forma de poluição pode ser quase eliminada com ação coordenada. Entre as medidas-chave estão sistemas de depósito e retorno e modelos de reutilização, em que consumidores levam caixas ou copos recarregáveis a supermercados e cafés. Em conjunto com proibições de certos polímeros e substituição do plástico por materiais como cartão, vidro ou metal, a poluição poderia ser reduzida em 97% nos próximos 15 anos, sublinham os autores do estudo.
“Temos a capacidade de transformar isto e de praticamente eliminar a poluição plástica das embalagens,” afirmou Winnie Lau, diretora do projeto de prevenção da poluição plástica na Pew Foundation.
E continua: “existem duas ferramentas essenciais para reduzir a poluição das embalagens plásticas em 97% até 2040. A maioria são os sistemas de reutilização e retorno, que removerão dois terços da poluição. A segunda é a redução da produção de plástico para embalagens e a utilização de outros materiais, bem como a proibição de certos polímeros”.
A exposição humana ao plástico está também a provocar consequências graves para a saúde. O relatório lembrou que “os produtos de plástico contêm mais de 16 mil químicos intencionalmente adicionados, bem como inúmeros contaminantes adicionados de forma não intencional” e que muitos destes compostos já foram associados a problemas como “disrupção hormonal, diminuição da fertilidade, baixo peso à nascença, alterações cognitivas e de desenvolvimento em crianças, diabetes e aumento dos riscos cardiovasculares e de cancro”.
As emissões anuais de gases com efeito de estufa (GEE) do sistema global do plástico deverão subir de 2,7 GtCO₂e em 2025 para 4,2 GtCO₂e em 2040, um aumento de 58%. Se a produção de plástico fosse um país, seria o terceiro maior emissor do mundo em 2040, atrás da China e dos EUA, explica o relatório.
Apesar deste cenário, os autores do estudo defendem que a mudança é possível. Se forem implementadas intervenções na gestão de resíduos, cortes na produção e sistemas de reutilização e retorno, a poluição poderá cair 83%, as emissões 38%, e os impactos na saúde 54%. Segundo os investigadores, os governos poderiam ainda poupar 19 mil milhões de dólares por ano em custos de recolha e eliminação de resíduos até 2040.
“Ainda há esperança,” afirmou Tom Dillon, da Pew Charitable Trusts, avançando que “a comunidade global pode reconstruir o sistema do plástico e resolver o problema da poluição numa geração, mas os decisores terão de dar prioridade às pessoas e ao planeta”.

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