De acordo com um relatório da Greenpeace, as viagens de comboio na Europa continuam a ser mais caras do que os voos em muitas rotas.
A organização ambiental analisou os preços de bilhetes de ida para viagens domésticas e transfronteiriças em 142 rotas com menos de 1.500 quilómetros em 31 países europeus, constatando que voar era mais barato em 54% das ligações analisadas.
“É absurdo que os viajantes na Europa sejam empurrados para aviões prejudiciais ao clima com generosos subsídios e isenções fiscais, enquanto os comboios, mais ecológicos, são sobrecarregados com inúmeras taxas”, afirmou Lena Donat, especialista em transportes da Greenpeace.
E continua: “quem viaja de comboio de forma ambientalmente responsável deveria pagar sempre menos do que para voar, em qualquer lugar”.
As diferenças de preço são particularmente evidentes nas rotas transfronteiriças, avançou o estudo. Embora os comboios fossem mais baratos em 70% das 33 ligações domésticas analisadas, isso só aconteceu em 39% das 109 rotas transfronteiriças.
Em França, Espanha e Reino Unido, os comboios eram mais caros do que os voos em até 95% das rotas transfronteiriças, segundo a Greenpeace.
Em casos extremos, como entre Colónia, na Alemanha, e Manchester, no Reino Unido, ou Barcelona e Londres, viajar de comboio chegou a ser até 26 vezes mais caro do que o voo.
Entre as ligações que envolvem a Alemanha, os voos para destinos da Europa Ocidental são geralmente mais baratos que os comboios, enquanto as viagens de comboio para a Polónia, República Checa, Áustria e Bélgica são quase sempre mais acessíveis do que voar.
O relatório da Greenpeace apontou os privilégios fiscais para as companhias aéreas como a principal razão para essa disparidade de preços. Isto porque o combustível de aviação está isento de impostos em toda a União Europeia (UE), enquanto os bilhetes de voos internacionais não estão sujeitos a IVA.
Já os operadores ferroviários enfrentam elevadas taxas de acesso às vias e impostos sobre o consumo de eletricidade e energia.
A organização ambiental afirmou ainda que, apesar destas conclusões, houve um “pequeno raio de esperança” ao confirmar-se que a diferença de preços diminuiu ligeiramente nos últimos dois anos. Embora os comboios fossem mais baratos em apenas 27% das 111 ligações comparadas em 2023, essa percentagem subiu para 41% nas mesmas rotas.

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