Um dos pontos mais desafiantes da transição ecológica é, sem dúvida, a gestão de resíduos e a sua valorização, assente numa necessária lógica circular, mas, sobretudo, com um propósito de criação de valor. É uma matéria complexa, que obriga a uma nova visão sobre as oportunidades que se podem abrir.
Trabalhar a gestão de resíduos pode ser visto como um problema ou como uma solução para chegar à eficiência, à rentabilidade, à inovação. Mas, acredito, vai ser preciso colocar na equação uma grande, enorme mesmo, dose de colaboração. E será esta lógica colaborativa que poderá fazer a diferença entre um plano repleto de boa vontade e uma estratégia vencedora. É preciso pensar soluções em conjunto que sirvam os interesses de diferentes empresas, setores e clusters, em completa sinergia. O que está a acontecer na área dos biomateriais e das bioenergias é bem representativo de todo o potencial que temos pela frente. De como resíduos que acabavam em aterro, ou que representavam gigantes problemas ambientais surgem agora como matérias-primas valiosas para a produção de novos materiais. Começam a aparecer projetos escaláveis que prometem revolucionar a forma como olhamos para os processos produtivos e, com isso, transformar negócios. A ligação entre a I&D e as redes empresariais está a ganhar robustez e as empresas já perceberam que têm de caminhar em partilha, porque o desafio de uma pode ser a oportunidade de outra.
Esta é uma edição recheada de casos práticos e excelentes exemplos de como a transição para o business as natural pode ser mais descomplicada do que se imaginava. Há imenso potencial para explorar, que requer muito investimento e tempo para consolidar e escalar, mas está a ser verdadeiramente fascinante acompanhar esta evolução. Num tempo onde facilmente caímos no pessimismo, são estes exemplos que nos fazem acreditar que é possível ter negócios sustentáveis e rentáveis. E que, por muito que ainda nos falte fazer, já demos passos consistentes que têm de ser valorizados.