À data em que escrevo este editorial, a conferência do Clima das Nações Unidas pouco ou nada avançou em termos de decisões. Não seria, aliás, expectável, face a um contexto político mundial pouco favorável à sustentabilidade. O mundo está mergulhado em conflitos que se agudizam e que desfocam do tema.
A verdade é que as grandes potências começam a apostar mais em mitigação e adaptação com soluções para ‘viver’ em emergência climática, do que em políticas de transição para sistemas regenerativos.
Embora não se fale muito da questão, dos Estados Unidos começam a chegar algumas notícias sobre o desenvolvimento acelerado da engenharia climática. O mesmo é dizer: o aquecimento global é inevitável e imparável, então vamos trabalhar em ferramentas para conseguir conter os danos colaterais de tudo isto. Fala-se em Cloud Marine Brightening – CMB (tecnologias de reflexão dos raios solares para que não cheguem à superfície) e outras técnicas de gestão da radiação solar, bem como do reforço de técnicas mecânicas de captura e armazenamento de carbono, que podem ajudar a controlar a temperatura e a reduzir o CO2 na atmosfera.
As técnicas de CMB parecem ainda estar no domínio da ficção científica, mas, tratando-se de um país com muita capacidade de investimento, pouca sensibilidade política para a descarbonização e ainda muito petróleo para gerir, não me espantaria que a curto prazo fossemos surpreendidos com notícias de sistemas de CMB a orbitar.
Percebo perfeitamente quando alguns empresários desabafam que a Europa corre na regulamentação e implementação de mudanças que o resto do mundo desdenha, e concordo que pode ser necessário simplificar, mas nunca desistir.
É frustrante perceber que há mais capacidade das empresas de entender e implementar medidas de transição climática do que da generalidade dos Governos. A COP continua a ser um clube de senhores engravatados a picar o ponto nos temas do clima, com um baixíssimo nível de compromisso. Uma perda de tempo e de recursos.