A Savills Portugal reuniu na passada semana diversos players do setor imobiliário para debater o impacto do e-commerce no mercado imobiliário europeu. A iniciativa contou com a intervenção de Marcus de Minckwitz, Director of European Cross-Border Investment da Savills UK, que revelou que os centros urbanos serão cada vez mais alvo de procura para a instalação de plataformas logísticas de armazenamento e distribuição de produtos para venda online.
De acordo com a Savills, em Portugal, as vendas online associadas ao retalho “já representam quase 10% do total de vendas e a tendência é de que estes valores continuem a subir nos próximos anos. O share online está a crescer, mas o formato loja ainda desempenha um papel importante e relevante na promoção de vendas e na mitigação das pressões de margem online. É necessário que o mercado imobiliário perceba toda a supply chain dos negócios retalhistas para preparar uma oferta adequada. “
Cristina Cristóvão, Retail Agency Director da Savills Portugal, acrescenta que “com o impacto crescente do comercio online nas vendas dos retalhistas, poderá verificar-se também em Portugal uma tendência para a redução das áreas das lojas a par de um aumento da procura de áreas de armazenamento o mais próximas possível do centro das cidades e das lojas existentes, de forma a que o período de espera dos consumidores online seja o mais reduzido possível. Esta tendência a que nós chamamos ‘last mile’ tem vindo a impactar o negócio logístico e a forma como está organizado. Verifica-se um aumento da procura por armazéns de menor dimensão, localizados o mais próximo possível dos principais acessos aos grandes centros urbanos”.
Este é um fenómeno que já está a acontecer no Reino Unido, onde, de acordo com Marcus de Minckwitz, 65% do negócio do setor logístico já é proveniente do setor do retalho, sobretudo, graças ao crescimento do e-commerce e das chamadas ‘same-day deliveries’. De acordo com o especialista, no e-commerce, as devoluções de compras são 20% superiores às dos canais físicos, o que tem obrigado as empresas de retalho a repensar as suas cadeias de abastecimento e a criarem centros de armazenamento e distribuição cada vez mais próximos dos consumidores, nomeadamente nos centros urbanos.
“Os mercados logísticos europeus estão agora a experienciar o mesmo crescimento a que o Reino Unido assistiu nos últimos cinco anos, com os arrendatários do setor do retalho a representar mais de 60% do espaço ocupado durante esse período”, explica.
Marcus de Minckwitz diz ainda que “em média, as vendas online em toda a Europa ainda são menos de metade das vendas online do Reino Unido, mas parece-me claro que o rápido crescimento do e-commerce a que temos assistido no Reino Unido está em curso também no resto da Europa”.