A britânica Sainsbury, a holandesa Lidl Netherlands, a belga Carrefour Belgium e a francesa Auchan são algumas das seis cadeias de supermercados europeias que anunciaram que vão parar de vender alguns ou todos os produtos de carne de vaca provenientes do Brasil. Tal acontece após preocupações com ligações à deflorestação na floresta Amazónica e outras áreas ecologicamente importantes, avança o The Guardian.
Estas ligações foram expostas após uma investigação ao “branqueamento de gado”, envolvendo a empresa de carne JBS. De acordo com a organização noticiosa Repórter Brasil, a empresa alegadamente obteve gado proveniente de áreas desflorestadas ilegalmente.
Na mais recente pesquisa, a Repórter Brasil, que trabalha com o grupo Mighty Earth, rastreou a carne de vaca ligada à desflorestação – incluindo carne seca, carne enlatada e carne fresca – do Brasil para as prateleiras dos supermercados europeus.
No caso da Sainsbury, os investigadores encontraram carne enlatada à venda que foi processada num matadouro da JBS em Lins, São Paulo. O matadouro teria alegadamente recebido mantimentos de gado de uma exploração que fornece animais para engordar em explorações remotas que foram oficialmente sancionadas – e embargadas – por desflorestação ilegal na floresta amazónica.
Em declarações ao Guardian, um porta-voz da Sainsbury disse: “A ligação entre a criação de gado e a destruição de ecossistemas como a Amazónia, o Cerrado e o Pantanal é uma questão complexa, que levamos extremamente a sério. Tomámos uma série de medidas em conjunto com os nossos fornecedores e com a indústria em geral para tentar resolver esta questão, mas não foram feitos progressos suficientes”.
O porta-voz anunciou ainda que a retalhista está empenhada “em afastar a nossa própria marca de carne de vaca enlatada para longe do Brasil”.
Resposta da JBS
A JBS, empresa que produz gado para o mercado global de carne de bovino, tem receitas anuais de 50 mil milhões de dólares. As suas exportações de carne de bovino para a Europa continental aumentaram um quinto nos últimos anos.
Em resposta à investigação da Repórter Brasil, a JBS disse ao Guardian que tinha uma política de “tolerância zero à desflorestação ilegal, trabalho forçado, uso indevido de terras indígenas, unidades de conservação ou violações de embargos ambientais”. A empresa salientou que bloqueou mais de 14 mil explorações de fornecedores “por incumprimento das nossas políticas e normas e continuaremos a tomar medidas adicionais como se justifica”.
Além disso, a empresa revelou ter investido num novo sistema via blockchain, que permitiria monitorizar fornecedores indiretos e “alcançar uma cadeia de abastecimento completamente livre de florestação ilegal até 2025”. A JBS afirma ter verificado os fornecedores mencionados pela Repórter Brasil e considerou que estão em conformidade com as políticas de aquisição da JBS.