No período de janeiro a agosto de 2019 o sistema portuário de Portugal Continental movimentou um volume global de 58,7 milhões de toneladas, valor inferior em -6,8% ao verificado no período homólogo de 2018.
As causas para esta quebra continuam, segundo a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) a ser a “diminuição da importação de Petróleo Bruto em Sines (agravada pelo encerramento da refinaria em agosto) e Leixões (com quebras respetivas de -1,5 milhões de toneladas e -455,4 mil toneladas), a redução do movimento da Carga Contentorizada em Sines (que acumula uma quebra de –2,9 milhões de toneladas), por efeito da greve dos trabalhadores portuários do Terminal XXI, e ainda a diminuição da importação de Carvão (cerca de -700,3 mil toneladas), devido principalmente ao facto de a central termoelétrica de Sines se encontrar em paragem programada para manutenção desde finais de junho”.
Leixões e Aveiro registam as melhores marcas de sempre, com movimentos a ascender 13,1 e 3,7 milhões de toneladas, respetivamente, +0,9% e +2,1% face a igual período do ano anterior. O porto de Viana do Castelo regista também um comportamento positivo ao crescer 15,3% face a igual período de 2018. Todos os restantes portos assinalam comportamentos negativos, com é o caso de Sines, Lisboa e Figueira da Foz que assinalam quebras de 3,9 milhões de toneladas, 414,9 mil toneladas e 168,1 mil toneladas, respetivamente.
O porto de Sines continua a liderar no movimento global portuário, embora com os recuos verificados nos últimos meses, com uma quota de 48% (-2,8 pontos percentuais face ao acumulado a agosto de 2018), seguido de Leixões (22,2%), Lisboa (13%), Setúbal (7,6%) e Aveiro (6,4%).
Entre janeiro e agosto deste ano, o movimento de contentores registou uma quebra global de 6,6% no volume de TEU, apresentando um movimento total de 1,86 milhões de TEU. Este desempenho é explicado pelo desempenho negativo de Sines e Setúbal (-15,4% -4,3%, respetivamente) e positivo de Leixões, Lisboa e Figueira da Foz (+10,5%, +1,5% e +6,5%, respetivamente).
Não obstante o seu recente comportamento negativo, Sines mantém a liderança neste segmento de mercado, com uma quota de 52,2%, inferior em 5,4 pontos percentuais (p.p.) à que registava no período homólogo de 2018, seguido por Leixões, com 25%, Lisboa com 16,8%, Setúbal com 5,2% e Figueira da Foz com 0,8%.
A AMT salienta que “importa recordar o peso que o tráfego de transhipment representa no volume de contentores movimentados em Sines, que, não obstante ter vindo a diminuir nos últimos meses, acumulando em agosto uma redução de 26,2%, ainda representa 68,8% do total no porto”. Por outro lado, o volume de TEU com origem e destino no hinterland do porto regista um crescimento de 24,8%.
No que respeita ao movimento de navios, comparativamente ao período janeiro-agosto de 2018, os oito primeiros meses de 2019 observaram um decréscimo de 1,6% no número de escalas (7113 escalas), bem como uma diminuição no volume de arqueação bruta de 2,1% (para cerca de 132,3 milhões). Os portos de Viana do Castelo, Lisboa e Sines foram os únicos portos que registaram um crescimento no número de escalas de, respetivamente, 9%, 1,7% e 0,2%.
O desempenho negativo global a que se assistiu no período janeiro-agosto de 2019 resulta da conjugação de quebras verificadas nos volumes de carga embarcada e desembarcada, 9,8% e 4,8%, respetivamente, face a igual período de 2018.
A Carga Contentorizada e a Carga Fracionada em Leixões, os Outros Granéis Líquidos em Sines e os Minérios em Setúbal contribuíram significativamente para o impacto positivo das operações de embarque, registando, respetivamente, +345,7 mil toneladas, +64,8 mil toneladas, +65,5 mil toneladas e +67,9 mil toneladas. Com impacto negativo nos embarques destaca-se a Carga Contentorizada e os Produtos Petrolíferos em Sines (-1,33 milhões de toneladas e -930,5 mil toneladas), os Outros Granéis Sólidos em Lisboa (-292,1 mil toneladas), os Produtos Petrolíferos em Leixões (-163,9 mil toneladas) e a Carga Fracionada em Setúbal (-127,4 mil toneladas).
No que diz respeito às operações de desembarque, destacam-se as variações positivas dos Produtos Petrolíferos e dos Outros Granéis Líquidos em Sines, com acréscimos de, respetivamente, 1,9 milhões de toneladas e 203,8 mil toneladas. A Carga Contentorizada (-1,6 milhões de toneladas), o Petróleo Bruto (-1,5 milhões de toneladas) e o Carvão (-688,2 mil toneladas) em Sines, bem como o Petróleo Bruto (-455,4 mil toneladas) em Leixões, contribuíram para as variações negativas registadas nestas operações.
Viana do Castelo, Figueira da Foz, Setúbal e Faro são os portos que apresentam um perfil de porto “exportador”, registando um volume de carga embarcada superior ao da carga desembarcada, com um quociente entre carga embarcada e o total movimentado, no período em análise, de 63,2%, 71,2%, 53,6% e 100%, respetivamente. No seu conjunto, estes quatro portos representam uma quota de carga embarcada de 15,3% (10,3% destes respeitam a Setúbal).