Em 2022, a intensidade carbónica da economia nacional alcançou o valor mais baixo desde 1995, com 82,1% das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) concentradas em cinco ramos da atividade económica, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Os grupos de atividade com maiores emissões de CO2, em 2022, foram a indústria, transportes, informação e comunicação e energia, água e saneamento, totalizando 67,3% das emissões. Já as famílias foram responsáveis por 18,4% das emissões de CO2.
No mesmo ano, e de acordo com a comunicação, o Potencial de Aquecimento Global (GWP) cresceu 3,7% em relação ao ano anterior, num contexto económico marcado por um forte crescimento económico em que o Valor Acrescentado Bruto (VAB) aumentou 6,9% em volume.
Já o Potencial de Acidificação (ACID) e o Potencial de Formação de Ozono Troposférico (TOFP) também aumentaram, 4,9% e 4,2%, respetivamente.
No entanto, a conjugação entre a variação positiva das emissões de GWP (+3,7%) com a variação positiva de maior intensidade do Produto Interno Bruto (PIB) (+ 7,0%) levaram a uma redução da Intensidade Carbónica na economia nacional de 2,9%, o resultado mais baixo desde 1995, o início da série de observações, explica o INE.
“Após o período de pandemia, que tinha levado a uma redução generalizada nas emissões devido à diminuição da atividade económica e das restrições de mobilidade, o ano de 2022 marcou um regresso a níveis de atividade mais intensos, aliado a uma crise energética global”, lê-se na nota de agenda.
Além disso, o relatório do INE refere ainda que a alteração da tendência de redução das emissões dos GEE verificada em 2022, e que já vinha desde 2017, foi influenciada por um conjunto de fatores económicos, energéticos e climáticos, nomeadamente: a recuperação económica com a retoma da atividade em condições normais da mobilidade e do consumo de combustíveis fósseis nos transportes e a crise energética global e a substituição do gás natural por combustíveis líquidos mais poluentes.
Como fatores que influenciaram para a inversão da tendência de redução de emissões, está também a seca severa, que limitou a produção hídrica e obrigou o recurso a fontes fósseis, e o aumento da dependência de combustíveis fósseis em vários setores, como o turismo e o comércio internacional.
De acordo com a análise, o CO2 é o GEE com maior representatividade a nível nacional (74,2% do total das emissões em 2022), devido à predominância das emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis.
O metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O), que representaram, respetivamente, 16,9% e 5,7% do GWP, têm origem principalmente na agricultura e no saneamento. Já os gases fluorados (F-Gases), essencialmente associados aos sistemas de climatização e na refrigeração industrial e comercial, contribuíram com 3,2% para o total do GWP.
À semelhança do ano anterior, a indústria foi o ramo da atividade económica que mais contribuiu para o GWP (23,3%), contrariando a tendência que se verificava desde 1998, em que predominava o ramo da Energia, água e saneamento.
Para os aumentos das emissões nalguns ramos, principalmente no dos Transportes, informação e comunicação (+28,0%), do Comércio e reparação de veículos e do alojamento e restauração (+7,7%), das Outras atividades de serviços (+7,1%) e das Atividades financeiras, de seguros e imobiliárias (+6.7%), “não será alheia a continuação da recuperação económica pós contexto da pandemia Covid-19 verificada em 2022”, salienta o INE.
A análise do Instituto Nacional de Estatística explica ainda que o indicador da intensidade carbónica da economia mede a quantidade de emissões de GEE gerada por unidade de produção de bens ou serviços, sendo que, a intensidade carbónica da economia, no contexto das emissões de GEE, é um indicador da eficiência ambiental da economia.
“Uma intensidade carbónica mais baixa indica que a economia está a produzir com menor impacto ambiental, ou seja, a emitir menos GEE por unidade de produção. Isso reflete uma maior eficiência no uso de recursos energéticos e uma possível transição para fontes de energia mais limpas e sustentáveis”, lê-se na comunicação.