CSRD. CSDDD. Estas são as siglas que vão revolucionar a forma como as empresas reportam e se responsabilizam pelas práticas sustentáveis (ou ausência delas).
Não há nenhum responsável pelas áreas de sustentabilidade que não já esteja a mergulhar nos meandros destas diretivas para se preparar para o futuro do reporte. É o tema do momento, mas nem todos estão preparados. E aqui dois pontos importantes: a existência de uma minoria de grandes empresas que estão aceleradamente a implementar as novas regras de reporte, colocando esta matéria como máxima prioridade na sua agenda, e as restantes empresas de micro, pequena e média dimensão, que acreditam que ainda não é o tempo para se preocuparem com ‘coisas de grandes’.
Mais uma vez, dois perigos latentes. Para as grandes empresas o reporte transformou-se no Santo Graal, e isso pode deixar para segundo plano investimentos e implementações importantes na sua estratégia de sustentabilidade, pela concentração de esforços na CSRD e Due Diligence. Há vida para além do reporte…
Para as empresas de menor dimensão, a lógica de que ‘isto ainda não é para mim’ pode levar a surpresas desagradáveis e à despreparação na hora de ter de responder aos grandes clientes, com quem têm relações comerciais na cadeia de fornecimento.
A ideia generalizada é que as empresas se sentem um pouco perdidas neste tsunami legislativo e poucas estão a conseguir surfar a onda gigante. O que nos leva ao tema da ambição europeia e à exequibilidade de tudo isto. É necessário acelerar a execução dos objetivos de sustentabilidade e a legislação é o drive transformador para chegar lá? Sem dúvida. Esta necessária ambição pode levar a que empresas se sintam afogadas em standards, data points e orientações que não conseguem controlar? Sim, é um risco real e vamos ouvir falar muito nos próximos meses na necessidade de simplificar. Se queremos mesmo que algo aconteça é preciso que a simplicidade triunfe nos processos. Sob pena de continuarmos a contabilizar empresas de referência a abandonar os seus compromissos de neutralidade carbónica. Isso sim, é um sinal preocupante que nos deveria levar a uma séria reflexão sobre o que realmente queremos da sustentabilidade. Para além dos papéis.