A 1.ª edição do relatório “Descarbonizar a mobilidade hoje: o papel da bioenergia avançada”, publicado pela Associação de Bioenergia Avançada (ABA), revelou que os biocombustíveis de resíduos e outros avançados, ou seja, produzidos a partir de matérias-primas residuais, permitem uma redução de emissões de CO2 entre os 83% e os 98%, quando comparados com os tradicionais combustíveis fósseis.
Em comunicado, a ABA informa ainda que o mesmo relatório mostra que, só em 2020, ano que se pode considerar o Ano Zero desta indústria, foram produzidos cerca de nove milhões de litros biocombustíveis avançados, que permitiram reduzir em igual número as importações de petróleo e poupar à balança carbónica nacional cerca de 25 mil toneladas de CO2.
O documento analisa também os dados da balança energética do país em 2019 e conclui que os biocombustíveis são, de entre as fontes alternativas aos combustíveis fósseis, a mais utilizada ( ronda os 83%).
“Para que Portugal consiga atingir a neutralidade carbónica até 2050, será necessário reduzir entre 85% e 90% as emissões de gases de efeito estufa, o que só será possível recorrendo a alternativas que permitam entre outros, mudanças muito rápidas no perfil de consumo energético no setor dos transportes”, afirma a secretária-geral da ABA, Ana Calhôa.
Estratégias emergentes em Portugal
A ABA identifica três estratégias emergentes para Portugal, ao nível da transição energética, nomeadamente: aumento da meta de incorporação de renováveis no transporte para 11% (atualmente, encontra-se nos 10%); incorporação mínima obrigatória de 0,5% de biocombustíveis avançados; e a isenção de ISP nas incorporações físicas de biocombustíveis avançados.
“Na ABA, estamos otimistas e expectantes quanto ao desenvolvimento das indústrias que defendemos. Os primeiros sinais são positivos: o biodiesel produzido a partir de óleos alimentares usados continua a ser responsável pela maior parcela da descarbonização dos transportes em Portugal, os biocombustíveis de novos resíduos avançados começaram a ganhar expressão e vemos novos agentes económicos a anunciarem a vontade de avançar com novas fábricas e novas tecnologias que aumentarão a importância da bioenergia avançada na descarbonização do transporte”, acrescenta a responsável.
No entanto, a associação representante do setor alerta ainda para “falhas que persistem e correm o risco de minar o futuro” deste novo setor: “É essencial, por um lado, clarificar quais os tipos de matérias-primas que têm enquadramento como sendo avançadas, e, por outro, confirmar que existem evidências sólidas da sustentabilidade de uma matéria-prima ao longo de toda a cadeia”, conclui Ana Calhôa.